Blog do Professor Lemos

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Dinheiro

Embora, inteligente, um homem não é capaz de viver só, a menos que seja um ermitão, e levar uma vida extremamente simples. O homem de hoje é excessivamente exigente tendo uma vida complexa e agitada, portanto, vive em sociedade onde se completam. Para que isto aconteça é necessário que cada um ofereça seu talento para o bem de todos. A palavra certa é talento, uma vez que requer qualidade; paradoxalmente, o homem atual exige qualidade, mas poucos a oferecem, iniciando assim, a exploração, pelos gananciosos e incompetentes.
Os produtos, aparelhos, objetos, moveis, alimentos, edifícios, casas e outros são frutos do trabalho, realizados por artesões, operários, técnicos, profissionais, que oferecem seus trabalhos para a realização de todos. Os produtos, os objetos e outros são acumulados, guardados, armazenados e conservados até o momento de ser usados. Ora, e o trabalho de todos, como fica? Como podemos armazená-los? No passado remoto, a vida era simples e viviam em pequenos grupos e cada um trabalhava apenas para sua família, assim o trabalho era familiar. Com o crescimento populacional, o trabalho tornou-se coletivo, e remunerado com uma determinada quantidade de sal, por ser ele necessário e imperecível, e provavelmente originando a palavra salário; hoje usamos o dinheiro.
Uma régua é concreta, porém o centímetro é abstrato; a moeda é concreta, porém o dinheiro é abstrato; fruto da imaginação humana; o Real não é real, mas sim, irreal, imaginário e abstrato; portanto, dinheiro não é alimento; dinheiro não é vestimenta; dinheiro não é moradia; dinheiro não nos aquece; dinheiro não é transporte; enfim, dinheiro não é um bem em si, é apenas um meio. O dinheiro é uma convenção do homem que foi criado para armazenar trabalho; por ser convencionado, sofre alterações segundo os interesses dos grandes: inflações e valorizações. Assim, onde estão os Cruzeiros, os Cruzados e tantos outros? Simplesmente desapareceram! Por quê? Interesses! Uma das tarefas do Governo é, portanto, disciplinar as ambições, evitando a especulação, consequentemente a exploração, ora muito comum.
Assim entendemos que o dinheiro não é este todo poderoso que as pessoas buscam de forma insistente e muitas vezes criminosa. Imagine, se os outros todos morressem você seria dono de tudo isso, estaria bi, trilhonário... Resolveria seus problemas? Creio que não, mas criaria muitos problemas, mostrando claramente que o homem depende dos outros e não do dinheiro. Pense! Pense e busque o necessário, o importante para ter uma vida tranqüila e agradável, sem prejudicar o próximo e até mesmo a Natureza.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ganhar o pão com...

E agora comerás o pão com o suor do rosto... Foi assim que nasceu o pão de sal. Esta frase bíblica transformou o trabalho em castigo, e desde então a humanidade sofre profundamente. Ora, a vida é uma graça divina, mas exige esforço e trabalho, não sendo então de graça, como gostariam que fosse, portanto, muitos não acham graça. Contudo, com graça ou sem graça; de graça ou não, a vida deverá ser vivida. Mas, para que a vida tenha graça, basta substituir o pão de sal pelo pão doce, e assim a vida terá graça, pois será de graça. Mas, como substituir o pão de sal pelo pão doce?
É muito simples. Vejamos. Pergunta-se a um adolescente: Você é capaz de fazer um pulôver para mim? Ele então, espantado como a maioria dos jovens, diz: Não conheço pulôver! Ora, perguntei se você faz, e não se você conhece pulôver. Ele enfaticamente se justifica: Se eu não conheço pulôver, como posso fazer um pulôver? Não posso! Deixando entender claramente que para se fazer algo e bem feito é necessário o conhecimento pleno do assunto. Continuando: Você gosta de cabajal? E novamente espantado como todos responde: O que é cabajal? Não conheço. Como posso gostar?
Este pequeno diálogo mostra claramente que o conhecimento é a chave para fazer e gostar. Quem não conhece não faz; quem não conhece não gosta. Então, meus amigos, aprimorem seus conhecimentos, pois destarte, poderão fazer, não apenas bem feito as suas tarefas, como também prazerosamente, e deste modo, ganhar o pão com um sorriso nos lábios, e não com o suor do rosto, como se ensinou no passado; assim, a nossa vida terá mais graça, pois ela nos será totalmente de graça!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Preservar a natureza

Há milhares de anos que a humanidade, mergulhada no erro, sofre e faz outros sofrerem. Desde muito declaram que o homem é o ser mais importante de todas as criaturas. Este erro, filho do egoísmo, é a causa primária de todos os problemas ecológicos e sociais. Assim, se esta arvore está me aborrecendo, então, corte-a. Se este cão me aborrece, então, mata-o. Afinal eu sou mais importante, colocando, deste modo, em risco toda a Natureza, como estamos presenciando a todo o momento.
Ainda há mais, e de nós dois, quem é o mais importante, eu ou você? E a guerra está declarada, colocando em risco toda a Sociedade, como estamos presenciando a todo o momento.
Porém, tanto na narrativa bíblica da criação, como na teoria evolucionista de Darwin, o homem quando aqui chegou, a casa já estava arrumada, mostrando claramente que ele depende de todos, enquanto que os outros não dependem dele. Ora, se ele é dependente, não é o mais importante, como erradamente declaram. Para a Natureza, todos são igualmente importantes, uma vez que todos são seus componentes fazendo parte dela.
Continuando: vejam aquele monturo de folhas secas; tudo isso já foi vida; para seus átomos voltarem novamente à vida, é necessário a participação de microrganismos para decompor aquelas folhas secas; caso contrário, o mundo seria apenas um monturo destas folhas.
Devemos, pois, defender em toda extensão, a Natureza, uma vez que apenas fazemos parte dela, mas não somos donos dela como muitos erradamente imaginam.
Com estes pensamentos facilmente compreendidos, haverá de reinar a Paz, não apenas entre os homens, mas em toda a Terra...

Bancada da oposição

Estamos no Terceiro Milênio... Século XXI...
O Sol já não gira mais em torno da Terra, mas, é a Terra que gira em torno do Sol!
O mundo de hoje não é mais aquele simples, singelo e até mesmo ingênuo mundo dos nossos avós. Estas profundas mudanças exigem de nós, profundas mudanças em nosso comportamento, reclamando um amplo conhecimento da sociedade para governar e orientar corretamente o povo... É preciso ter talento para este mister.
Entendemos que governar exige a participação de todos, pois até o governo de nossas famílias se faz com a participação da esposa e filhos; que dirá então de nossa Cidade. De nosso Estado e de nosso País?
Compreendendo o que foi exposto, não podemos mais aceitar a expressão anacrônica, ignorante e grosseira: Bancada da Oposição.
Devemos puxar a corda pela mesma ponta, pois somente assim, somaremos nossas forças para construir e não destruir.
Contudo, políticos, jornalistas, autoridades e o povo em geral, a todo momento repetem, sem refletir, esta expressão, confessando assim, sua aprovação. Não percebem o erro que estão cometendo. Lamentável! Pensem... Pensem!
Ora, se este Vereador faz oposição ao Prefeito, o Prefeito faz oposição ao Vereador, e por quê? Simples. Interesses individuais. Cada um busca seus objetivos pessoais. Entretanto, se objetivassem a sociedade, como é dever dos políticos, não haveria oposições e estariam puxando a corda pela mesma ponta. A oposição que devemos fazer é ao erro, à corrupção e à ignorância e ao egoísmo. Precisamos mudar, e muito... Muito mesmo...
Com a evolução dos tempos e com todas estas mudanças, entendemos, ainda que privilégio é abuso de poder e hoje não faz sentido. Devemos acabar com eles, e para acabar com os privilégios, basta substituir o direito pelo dever que assim desaparecem os privilégios, mostrando ainda claramente a verdadeira função do político que é o servir e não o ser servido, posto que, quem não serve, não serve.

sábado, 5 de julho de 2008

As CPIs

Para se fazer algo e bem feito, é necessário conhecer e estar preparado. Então para ser um bom político, a pessoa deverá estar bem preparada, ter bons princípios, ser consciente e ter conhecimentos.
Lamentavelmente, as CPIs têm mostrado como os Deputados e Senadores do nosso Congresso Nacional são despreparados.
Não somente pelos investigados, mas, ainda pela grande desconfiança entre os próprios congressistas. Nós que estamos distantes, não podemos julgá-los, porém, eles que convivem de muito e apertadamente, que podem falar de Cátedra, suspeitar, como demonstra esta luta insistente para preencher os cargos de Presidentes e de Relatores das CPIs. Será que temem pela condenação de algum justo? Ou que algum criminoso seja inocentado? Por que tudo isso? Afinal, nossos congressistas não estão bem preparados, como dizem? Não são pessoas de conduta ilibada? Por que então esta preocupação? Nós que estamos distantes, não sabemos, eles que têm o cotidiano sabem, e uma coisa é certa: onde há fumaça, há fogo, então deixa para lá; gato ruivo do que se usa cuida.
A experiência do nosso dia-a-dia nos deixa pensativo...
Temos muito que mudar!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Como tudo começou

Há muitos bilhões de anos atrás, foi dada a explosão inicial com a formação da via Láctea e de todo o Universo... Há cerca dois bilhões de anos atrás, surgiram as primeiras moléculas biogênicas na forma dos coacervados... Muito depois apareceram os primeiros unicelulares... Outros tantos milhões de anos foram necessários para o aparecimento do homem primitivo, caracterizado pela ignorância, uma vez que não dispunha de instrumentos ou mesmo de pequenos objetos; eram livres e levava uma vida simples e instintiva, cuja única preocupação era de se alimentar, vivendo de frutas, raízes e folhas. Mais tarde, aprendeu com os carnívoros, usar a carne, tendo que caçar. Como não tinha força e nem velocidade suficientes, aproveitava de ocasiões propícias para compensar sua falta de habilidade; imitando alguns predadores, começou a se organizar em grupos, surgindo as primeiras tribos e deste modo obteve mais sucesso; aprendeu a usar pedras, pedaços de pau, chuços e até o fogo. Para se proteger das intempéries, se refugiou nas cavernas, e assim viveu o nosso homem primitivo durante milhares de anos até o alvorecer do homo sapiens.
Hoje tudo mudou... Pois estamos no século XXI. O homem já foi à Lua, descobriu os segredos do átomo, decifrou o código genético, entrou na era da informática e muitas coisas mais. A população humana explodiu à casa dos seis bilhões de habitantes e no mundo de hoje não cabem mais os dinossauros...
Atualmente levamos uma vida extremamente complexa, cheia de exigências e com muitos detalhes. Daquele longínquo passado, herdamos apenas a idéia de formar tribos e criamos um grupo maior ao qual chamamos de sociedade.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Cartões corporativos

O que os políticos pensam de nós? Estamos no Terceiro Milênio, Século XXI e o mundo de hoje não é mais aquele simples e ingênuo mundo de nossos avós. O homem já foi à Lua, desvendou o segredo do átomo, decifrou o Código Genético e outras coisas; o Sol já não gira mais em torno da Terra, mas é a Terra que gira em torno do Sol... Entretanto, muitos de nossos atuais políticos pensam que estamos naqueles idos tempos de nossos avós. Acordem!
Não podemos aceitar mais esta idéia de políticos da oposição; Bancada Ruralista, Bancada Evangélica e outras. Nem só da palavra de Deus vivem os evangélicos, mas também de carne, arroz, feijão... Então por que digladiar? Devemos buscar sempre o que é necessário, o que é certo, correto e importante para o homem, para a sociedade e toda a Natureza, uma vez que apenas fazemos parte dela, mas não somos donos dela como muitos erradamente imaginam. Devemos puxar a corda pela mesma ponta, pois somente assim estaremos somando nossas forças, construindo e não destruindo.
Outro fato que tanto me desedifica e entristece, é esta história do Cartões Corporativos. Ora, entendemos facilmente, que durante certos trabalhos, como pesquisa, sindicância, ou uma investigação, o sigilo é importante. Porém, depois de concluído, os resultados deverão ser amplamente divulgados para toda a sociedade, bem como as correspondentes despesas feitas durante os trabalhos, com toda a cristalinidade e pureza. Ora, por que então, gastos sigilosos, se o dinheiro é do povo? Se os gastos foram verdadeiramente corretos, por que então manter-los em sigilo? Isto é indicio de forte corrupção. Será que gastaram com amantes, com drogas ou na compra de Deputados para legalizar este procedimento, justificando assim, o nome "corporativo"? Não sei. Gostaria que alguém me explicasse.
Saibam senhores políticos, que privilégio é abuso de autoridade, abuso de poder. Para acabar com privilégios basta, substituir o direito pelo dever que assim desaparecem os privilégios, mostrando claramente a verdadeira função do político que é servir e não ser servido, posto que, quem não serve, não serve...

terça-feira, 13 de maio de 2008

É preciso mudar

Vai muito longe o tempo de nossos avós!
No passado, a candeia, depois a lamparina; ontem o lampião de gás; hoje a luz elétrica!
De cavalos e carros de bois para automóveis, aviões de último tipo e os famosos trens bala!
Do empirismo de ontem à ciência e tecnologia de hoje; dos povoados e vilarejos às cidades e metrópoles!
Estamos no Terceiro Milênio; Século XXI!
Aquela vida simples e pacata se tornou agitada e exigente, e o bucolismo rural foi trocado pela agitação e o nervosismo das grandes cidades e assim o mundo de hoje não é mais aquele simples, tranqüilo, singelo e até mesmo ingênuo mundo de nossos avós.
Todas essas mudanças exigem também profundas mudanças em nosso comportamento. Assim o homem, a sociedade e o governo terão que mudar e evoluir muito, para tornar a vida mais suave, alegre e agradável, para todos os seres que compõem a Natureza, uma vez que o homem apenas faz parte dela, mas não é dono dela como muitos erradamente imaginam.
Para mudar o nosso comportamento é necessário pensar porque somente assim despertamos nossa inteligência na busca de soluções. Devemos banir todo interesse pessoal, pois vivemos em sociedade e somos dependentes de outros seres, outras vidas; depois, querer servir e não ser servido e por último, devemos trocar o direito pelo dever. Com estes propósitos assim formulados, estaremos preparados para solucionar quaisquer problemas. Entendemos então, que tais mudanças deverão ocorrer primeiramente, em nossos políticos, pois, são eles os nossos orientadores, os condutores da sociedade; nada mais significa a expressão de que são os representantes do povo, nada mais representa. Pensem!

sábado, 22 de março de 2008

Para o futuro da nossa sociedade

Observações e considerações gerais.
Tempos atrás, dentistas de Uberlândia se dedicavam em campanhas para obturar caries dos dentes de leite de alunos das escolas primarias de nossa cidade. Foram alguns anos de dedicação, fraternidade e amor; a cada ano, o número de obturações aumentava mostrando, assim, a importância desta prática. Semelhantemente, nossas autoridades procuram recuperar jovens que se desviaram do caminho certo, quer negligenciando o estudo, buscando drogas ou cometendo pequenos delitos, mas sempre na esperança de bons resultados. Entretanto, verificamos, com tristeza, que o número destes jovens está aumentando como no caso das caries dentarias. Hoje Terceiro Milênio, Século XXI os dentistas entenderam que melhor será prevenir as caries com simples bochechos com fluoreto de sódio, processo inteligente, técnico, fácil, econômico e indolor, do que esperar cariar os dentes para depois obturá-los. Isto chama prevenção: prevenir é melhor do que remediar...
Infelizmente na área comportamental, nossas autoridades não procuram prevenir por diversas razões:
– Na prevenção são mais difíceis parâmetros numéricos para avaliar estatisticamente a eficácia do governo;
– A prevenção requer um diagnóstico prévio;
– Exige conhecer os procedimentos corretos para aplicá-los;
– Não cabe a demagogia.
Por tudo isso e mais, nossas autoridades não procuram a prevenção, mas, somente a repressão.
Os adolescentes e também os jovens, enfim todos nós somos inteligentes e eles, pela pouca idade não têm formação, mas inteligência sim; então diante das incoerências e paradoxos das autoridades, não acreditam e desconfiando buscam o caminho errado.
É comum, nas palestras sobre drogas dizerem que elas não devem ser usadas porque matam ou fazem mal à saúde, é somente isso que dizem não entendendo que a fome e as balas perdidas são mais deletérias e mortais.
Ainda, o Ministério da Saúde, réu confesso, declara que o fumo (tabaco) faz mal à saúde, entretanto o Governo permite sua venda. Incoerências... Diante disso o adolescente procura o traficante entrando na rota das drogas. De quem é a culpa? Dos pais? Dos traficantes? Dos professores? Ou de nossas autoridades que despreparadas não souberam orientar e governar corretamente a sociedade?
Na área escolar temos outro descalabro. Toda criança tem o direito à escola. Expressão maléfica, idiota, ignorante e demagógica; desde cedo começa a semear o egoísmo naquela alma inocente, e quando adolescente vem reclamar novos direitos tornando-se um adulto extremamente egoísta e causador de problemas sociais. Como sócio do clube ele tem o direito de freqüentá-lo, e o que nós temos com isso? O direito é dele. Assim, na expressão citado deixa entender claramente que a sociedade e o governo não têm nada com isso, uma vez que o direito é da criança e deste modo não oferece escola em número e qualidade suficientes. Ainda, o direito é opcional assim depende apenas da vontade; ontem ele não foi ao clube, pois estava indisposto; hoje apenas conversou com alguns amigos e nada mais. Do mesmo modo entendem as crianças e vão quando querem, ficam pelo pátio e nada mais, pois elas têm o direito. É assim que acontece quando se diz; tem o direito e, portanto nada resolve, nada luz e os problemas continuam.
Nesta área encontramos ainda varias incoerências e disparates; alunos dizem que estudam, mas não entendam como e nem por que estudam; professores dizem que ensinam, mas não têm idéia de que é ensinar; dizem que os alunos devem estudar procurar conhecer, compreender e saber as lições, mas não explicam os significados de tudo isso. Como poderão ter êxitos? Então os alunos confusos e pressionados, quando em grupo tornam indisciplinados e colocam fogo nos cabelos da professora, como se noticiou. De quem é a culpa? Dos pais? Dos professores? Dos alunos? Creio que não. A culpa é das nossas autoridades que incompetentes e negligentes não orientaram corretamente a sociedade, pois esta é a primeira função do Governo; a segunda é limitar as ambições, e a terceira é proteger a Natureza, uma vez que apenas fazemos parte dela, mas não somos donos dela, como muitos erradamente imaginam.
O que está realmente faltando para resolver os problemas sociais é a qualidade de nossas autoridades. É preciso ter engenho e arte em todo que se faz. Para fazer algo e bem feito é necessário conhecer; para gostar é necessário conhecer. A chave é então o conhecer, pois somente assim podemos fazer corretamente nossas tarefas e com prazer e, portanto ganhar o pão com o sorriso nos lábios e não com o suor do rosto como se ensinou no passado. Entretanto, anacronicamente, muitos ainda pensam que a punição é o único caminho para conduzir o homem e solucionar os problemas sociais; estão enganados, pois a punição vindo após o delito não tem o caráter preventivo, mas somente vingativo. A vingança e o ódio geram apenas a violência e nunca a benevolência.
Desde os primórdios de nossa existência, a humanidade sempre preocupou em punir, e o que se conseguiu foi aumentar os crimes e generalizar a corrupção. Hoje, esta lista é tão grande, que dificilmente se encontra uma autoridade que não esteja contaminada para que possa então atirar a primeira pedra. A verdadeira falência de nossa sociedade corresponde fundamentalmente, à falta de um principio educacional abrangente, envolvendo todos os cidadãos e principalmente aqueles que têm o mister de nos governar.
A redenção do homem não vem da ciência, mas sim, da consciência. Portanto, eduque-se.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

O que é sociedade

A inteligência é a faculdade mais importante dos animais e que no homem, devido a sua anatomia, atingiu o ponto mais elevado, conseqüentemente tem também o ego mais desenvolvido. Se por um lado isto é positivo, por outro é extremamente negativo uma vez que o torna excessivamente egoísta e exigente fazendo levar uma vida complexa e cheia de detalhes. No passado a vida era simples, sem muitas exigências. Uma pequena propriedade rural com poucos empregados era suficiente para satisfazer as necessidades de algumas famílias; aquele pequeno aglomerado precisava comprar apenas sal e algumas coisinhas mais. O arroz, o feijão e o milho eram produzidos e beneficiados ali mesmo; com a antiga roda de fiar, símbolo da liberdade adotado por Mahatma Gandi, fiava o algodão, que depois de tingido era tecido nos rústicos teares de madeira; criava bois, porcos e galinhas que forneciam carne, leite, gordura e ovos. O transporte era feito a pé, a cavalo ou em carros de boi e tudo se resolvia na própria fazenda.
Hoje o mundo é muito diferente... Os rudimentares carros de boi se transformaram em carros de último tipo, aviões supersônicos e nos famosos trens bala que ligam as populosas cidades do mundo. O bucolismo rural foi trocado pela agitação e o nervosismo das grandes cidades e o mundo de hoje não é mais aquele simples, tranqüilo, singelo e até mesmo ingênuo mundo de nossos avós.
Com essas profundas mudanças, um homem só, por mais inteligente e rico que seja não é capaz de suprir suas necessidades e atender tantas exigências devido à grande complexidade da vida atual. Portanto, o homem e também muitos animais vivem em comunidade, onde trabalham para o mesmo fim; as abelhas, os marimbondos e muitos outros são exemplos de animais que vivem em grupos, pois deste modo, as pequeninas abelhas conseguem construir grandes colméias e produzir muito mel. O homem por ser mais complexo, com mais razão, somente se realiza vivendo em grupos, que se chama sociedade. A complexidade da vida humana é o resultado da desigualdade entre as pessoas. Essa desigualdade é a característica mais importante do homem, sendo o agente responsável pela sua vida em comum, onde cada um concorre com o seu talento para satisfazer o todo. Embora desiguais, temos, contudo, o mesmo valor, pois somos complementares, e é dever colaborar, não somente com o homem, mas com toda a Natureza, de forma efetiva e sem egoísmo.
A sociedade é o convívio pacifico e harmonioso de pessoas da mesma cidade, estado ou país, onde todos têm a obrigação de trabalhar para o bem comum, oferecendo seus talentos no sentido de proporcionar melhores condições de vida, não somente ao homem, mas se estendendo a todos os seres, uma vez que estes também fazem parte da Natureza, e a principal ação é servir, porque somente assim, todos serão servidos. O viver em sociedade foi o caminho que o homem encontrou para resolver seus problemas. Compreendendo este pensamento, tornamos prazeroso o servir, posto que: quem não serve não serve.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2003

Não levo desaforo

Num passado bem distante, há muito tempo atrás, o comportamento humano era assim: dente por dente e olho por olho; isto é: nada humano. Depois de muitos problemas e aborrecimentos, este comportamento foi substituído pelo perdão, e então ensinava que se alguém bater em sua face, não reaja, mas dê-lhe a outra, declarando com esta atitude que devemos perdoar, e não somente sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Este conselho bíblico é considerado a quinta essência das lições, e que somente assim podemos evitar maiores transtornos tornando a vida mais amena, suave e agradável. Porém, perdoar ou seja, dar-lhe a outra face, não é nada fácil, não é nada agradável, por isso poucos ou talvez ninguém realmente perdoa e nem leva desaforos para casa e voltamos então, ao velho e vingativo: dente por dente e olho por olho. Qual seria a solução? Vingar é odioso e perdoar é dificultoso. Como agir?
Hoje estamos no início do terceiro milênio da era cristã, apenas cronologicamente, pois nem o grande desenvolvimento científico, foi capaz de modificar o nosso comportamento o qual não é nada cristão, mas sim primitivo, uma vez que ainda não compreendemos a nossa missão e continuamos com mais voracidade, destruindo toda a sorte de vida, inclusive a humana como mostra esta obstinada ameaça de uma eminente guerra.
A solução que parece difícil, entretanto é muito simples, pois o problema não consiste em resolver o dilema: perdoar ou vingar, porque estas ações estão nas extremidades, direita e esquerda, da linha horizontal e inferior do comportamento humano, pois, somente aqueles que foram ofendidos são os que vingam ou perdoam, então, basta entender que verdadeira solução consiste em não se ofender. Portanto, precisamos conhecer o que seja ofensa e quem é o seu grande culpado: o ofensor ou o ofendido. Calma, não diga. Pense, pense mais. Esta pressa em responder é a maior responsável pelos erros e conseqüentemente pelos muitos problemas não solucionados que temos. Comecemos pelo conceito. Elogio é uma carícia que se faz ao ego alheio, portanto nos agrada, enquanto que ofensa é uma agressão a este mesmo ego e por isso nos aborrece; fora menos egoísta e seria menos ofendido e não teria assim, necessidade de vingar ou mesmo de perdoar; não seria necessário dar a outra face, e nem haveria dente por dentes e nem olho por olho e nossa vida será alegre, agradável, fácil e prazerosa; felizmente é deste modo, pois o nosso bem estar há de estar em nossas mãos e não em línguas alheias; donde se conclui ainda, que Deus não sendo egoísta, jamais poderá ser ofendido, e muitas coisas terão que mudar!

domingo, 8 de dezembro de 2002

Prefácio do Folheto "Meditando com..."

Leitor amigo. Fecha os olhos um pouco, e procure voltar ao passado. Deixa-se levar pelas saudades... As lembranças vão lhe mostrar como os dias atuais são bem diferentes. Muitos ainda se recordam de lotes vagos em suas cidades e que hoje estão ocupados por casas e até mesmo grandes arranha-céus abrigando várias famílias. Eram também poucos os carros que transitavam pelas ruas, mas agora o movimento é intenso, e elas ainda conservam a mesma largura, exigindo assim uma profunda mudança nos conceitos e principalmente no nosso comportamento. Considera ainda o grande desenvolvimento técnico-cientifico que tivemos. Nossos avós dispunham somente do rádio e nossos pais só conheceram a televisão em preto e branco. Hoje assistimos os medíocres programas, embora coloridos, além dos programas ao vivo cujos fatos são transmitidos no mesmo instantes de seus acontecimentos e tudo isso com a incrível velocidade da luz. Contamos também com o maior sítio eletrônico de informações que é a Internet, e o mundo de hoje não é mais aquele simples, singelo e até mesmo ingênuo mundo de nossos pais.
As profundas mudanças que estão acontecendo, exigem de nós profundas mudanças em nosso procedimento, no sentido de proporcionar um ambiente saudável e propício para a vida em sociedade e em harmonia com toda a natureza. Esta pequena exposição é um convite à meditação para solucionar, não apenas os problemas atuais, mas principalmente evitar os futuros. Para que tal aconteça, é necessária a participação de todos posto que a tarefa é universal exigindo total compreensão na busca do verdadeiro caminho cujo primeiro passo consiste em pensar.
Meditando com... é um pequeno e modesto trabalho que indica estes primeiros passos que nos levarão à tão sonhada redenção e que fatalmente haverá de passar pelas trilhas da educação. Os artigos que compõem este trabalho foram distribuídos aleatoriamente para fugir das normas pedagógicas, consideradas impróprias para a conscientização do homem, uma vez que a pedagogia atua no intelecto que é um componente do ego o qual constitui o grande obstáculo à educação.

domingo, 3 de novembro de 2002

O maior cabo eleitoral

A eleição para presidente da república, em 1960, tinha como principais candidatos, Jânio Quadros e o General Lott, simbolizados pela luta da vassoura contra a espada. O resultado em favor de Jânio foi fantástico e ele venceu as eleições praticamente em todos os locais do país. Então, conversando alegremente com os coordenadores de sua campanha eleitoral, alguém comentou: Jânio, você perdeu para o Lott em São João do Meriti. E ele espantado e com o seu sotaque característico, respondeu: Huê! Mans, o Lott não esteve lá? Era assim, onde Lott passava, todos votavam em Jânio Quadros.
A história da humanidade é evolutiva, principalmente na área científica, mas no campo do comportamento humano, por vez, ela é cíclica e, portanto se repete. Assim, neste ano, tivemos uma reprise da eleição presidencial de 1960, com a vitória espetacular de Lula, e por que? Dois foram os pontos altos deste pleito.
O primeiro, é o fato de Lula ter sido, o segundo presidente da república mais votado em todo o mundo. Invejável! Muitos presidentes gostariam de receber tamanho sufrágio. Por que tantos votos? Trata-se por ventura, de um candidato genial? De um iluminado? De uma pessoa fantástica? De um indivíduo que traz grandes esperanças? Não. Nada disso. Lula é apenas um cidadão normal, esforçado, bem intencionado e que traduz apenas, em algumas esperanças.
O segundo ponto se deve ao péssimo governo de Fernando Henrique Cardoso, que embora, sendo um sociólogo, professor, poliglota, mas esnobe, portanto não fala a língua do povo, esquece os simples e os humildes; governa apenas, para ricos, banqueiros, empresários e investidores; não é um presidente democrático, mas um autêntico plutocrata narcisista, subserviente do FMI e do capital estrangeiro. Porém, agora, neste final de governo, estes aproveitadores, com certeza, estarão pensando, como este homem foi bom! E julgam mesmo que o Céu será pequeno e muito pequeno para ele... Mas agora, até que enfim, as urnas mostraram, e muito bem, que este período acabou...
Deste modo, entendemos que esta esmagadora vitória alcançada por Lula, se deve ao eficiente trabalho de Fernando Henrique Cardoso, o maior cabo eleitoral do PT, como foi no passado o General Lott, para Jânio Quadros. Haveria outra explicação melhor? Creio que não...

sexta-feira, 1 de novembro de 2002

O direito e o dever

Entendemos que o pensamento é o agente primário dos atos humanos, pois antes mesmo de executar uma ação qualquer, primeiramente pensamos, para depois decidir, já o sucesso depende do conhecimento; assim para executar uma tarefa embora simples, é necessário pensar, querer e conhecer; isto acontece de maneira tão natural que nem percebemos. Mesmo assim, muitas pessoas, estão constantemente exigindo algo que em suas imaginações parece importante, imprescindível, enquanto que na realidade o que pedem e desejam é, contudo dispensável e supérfluo, porque não têm o devido conhecimento daquilo que reivindicam, como acontece quando exigem “os meus direitos”, pois procuram apenas satisfazer seus interesses.
Analisando a palavra direito, temos: o oposto de esquerdo, como o braço direito; sinônimo de correto, certo, permissão: ele como cotista, tem o direito de freqüentar o clube; nome de um curso universitário: curso de direito; Estes significados são vulgares, comuns e não trazem a importância para justificar a ênfase da reivindicação: os meus direitos. A idéia que justifica sua grande importância, não é, como muitos imaginam, que seja uma graça, gratuito, mas ao contrário, é oneroso, um ônus, pois o direito, no caso, corresponde as condições necessárias para se cumprir uma obrigação.
O pensamento holístico nos ensina que a continuação da natureza só se realiza efetivamente, quando cada ser se conscientizar de suas obrigações; destas surge a idéia do dever. Assim, os vegetais devem dar frutos, os animais, crias, e o homem, boas ações; a reprodução para perpetuar as espécies e as boas ações para aprimorá-las. Entretanto, para que o vegetal possa dar frutos, e bons, é indispensável o suprimento de água, luz, minerais e outros; para os animais tem-se condição semelhante; enquanto que para o homem é necessário ainda o alvedrio.
Das condições indispensáveis para se cumprir as obrigações, nasce o direito. O dever e o direito são, pois, duas forças que concorrem para o equilíbrio e a conseqüente perpetuação da natureza. O dever sem o direito é incapaz; o direito sem o dever é egoísta. A eficácia consiste em concordar o dever com a possibilidade de cada um, e o direito com a necessidade real que o mesmo dever exige. Deste modo, o dever está antes do direito, na ordem natural, apesar disso, lastimavelmente, estamos sempre reclamando os nossos direitos, mas nunca declaramos os nossos deveres, e por isso, o mundo de hoje está tão conturbado e injusto, devido esta exaltação do egoísmo.
Na sociedade, todos têm direitos, porque todos têm deveres. As crianças têm o direito de freqüentar a escola, porque têm o dever de estudar, de se preparar para cumprir corretamente suas futuras obrigações quando adultos. Os pais têm o dever de orientar os filhos, porém, o principal dever do governo é proporcionar as condições necessárias para que o povo possa cumprir suas obrigações, conseqüentemente tem o direito de nos cobrar impostos, e nós temos o direito de reclamar os nossos direitos.

domingo, 8 de setembro de 2002

Santo não peca

A inteligência é a faculdade mais importante dos animais e que no homem, devido sua anatomia, atingiu o ponto mais elevado, conseqüentemente tem também o ego mais desenvolvido. Se por um lado isto é positivo, por outro é extremamente negativo uma vez que o torna excessivamente egoísta; esta exaltação do egoísmo é a origem primária de todos os males que assolam o homem, a sociedade e toda a natureza. Com a finalidade de tornar o ambiente propício à vida em sociedade, o homem criou os governos para controlar os ímpetos do ego, constituindo as autoridades governamentais. Mas estas, infelizmente, também são humanas, portanto vulneráveis.
Então, muitas delas, sem o devido preparo, se exorbitam, e em suas imaginações pensam que são divindades, talvez um anjo, um arcanjo, ou mesmo um querubim, e assim se afastam da sociedade, refugiando em seus pedestais de bronze e granito. São os puros. Os outros são pecadores, criminosos ou marginais.
Entretanto, o que caracteriza o pecador são os seus pecados; o que caracteriza o criminoso são os seus crimes. Quanto mais pecado, mais autêntico é o pecador; quanto mais crime, mais autêntico é o criminoso. Já o que caracteriza o santo é a ausência de pecado; o que caracteriza o justo é a ausência de crimes. Assim o pecado e o crime em nada alteram o estado do pecador ou do criminoso, mas, basta um só pecado, unzinho só, para deixar de ser santo; basta um crimizinho só, uma pequena delinqüência, para deixar de ser justo, portanto, seus presunçosos, desçam de seus pedestais, abandonem seus empíreos e venham habitar conosco para sentir de perto nossas franquezas, nossas limitações, nossas necessidades, e ajudar a resolver nossos problemas, mesmo porque, muitos deles foram criados pela incompetência de nossas autoridades, pois não foi o povo quem quebrou o Banespa, a Minas Caixa e a Caixego, mas sim estes falsos governantes que depois abandonam os que erram, em penitenciárias pútridas, fétidas, imundas onde a vingança constitui o fundamento central de suas intenções, mas são desprovidos de amor, de suavidade, de carinho, de paciência, tão importante na recuperação dos que erraram, e principalmente na prevenção. É assim que entendemos...

sábado, 24 de agosto de 2002

Brasil com z

O primeiro nome do nosso grande país foi Pindorama que na língua tupi, significa terra das palmeiras, depois, Ilha de Santa Cruz e em seguida, Terra de Vera Cruz. Devido à abundância de uma madeira cor de brasa, denominada Pau-brasil (Ceasalpina echinata Lam.), usada pelos índios para tingir o algodão, e que se tornou também muito cobiçada na Europa, começou então sua exploração. Os portugueses encarregados de orientar os trabalhos de cortar e lavrar as peças de Pau-brasil foram chamados de brasileiros (suf. eiro, quem trabalha; pão, padeiro; ferro, ferreiro; mina, mineiro, e outros mais.). Tempos depois, inspirados nesta madeira, deram a esta terra o nome de Brasil. Interessante, primeiramente tivemos o nome do habitante, para depois ter o nome do país. O mesmo se deu com os mineiros e Minas Gerais. Isto são coisas nossas e que são próprias dos grandes... Os outros povos, não compreendendo bem estas sutilezas, ficam à deriva, não sabendo mesmo como escrever o nome do nosso país, como acontece aos norte-americanos que escrevem Brasil com “z” - Brazil.
Mas agora, depois do atentado terrorista às torres gêmeas do World Trade Center em New York e ao Pentágono em Washington; depois da represália americana a Bin Ladem, num gesto de espanto, procurando dar uma satisfação ao resto do mundo, assumindo a falsa posição de guardião do planeta; depois que os administradores de grandes empresas americanas, habilmente maquilaram seus balancetes para iludir os aplicadores e manter em alta suas ações; depois que o Presidente do Tesouro Americano declarou que os nossos governantes, logo que recebessem os empréstimos do FMI, estes seriam imediatamente depositados em contas particulares na Suíça, e mesmo assim, foi recebido pelo nosso presidente; depois das bushadas do presidente americano, negando-se a comparecer à convenção de Johanesburgo, onde foram estudados assuntos sociais e ecológicos e agora querendo alucinadamente atacar o Iraque movido por uma alucinação fantasmagórica, contrariando os prognósticos de que este terceiro milênio será marcado pela sensatez, compreensão, carinho, amor e paz. Tudo isto e mais ainda, me permitem agora escrever Estados Unidos com “x” - Ex-tados Unidos, pois eles já eram. Esta é a grande verdade e a mais pura realidade...

sábado, 3 de agosto de 2002

Eleições no terceiro milênio

Estas são as primeiras eleições que serão realizadas neste terceiro milênio. A grandiosidade desta data, somada á importância do acontecimento, exige de nós, eleitores brasileiros, escolher conscientemente e com muito acerto, os candidatos que serão os futuros políticos para compor o primeiro governo no século XXI, que deverá constituir o marco zero desta longa estrada que certamente nos conduzirá à nossa redenção.
No regime democrático (gr. demos, povo; kratein, governo), o poder emana do povo, entende-se então que a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo, como já dizia Abraham Lincoln, e deste modo os políticos que nos governam são apenas nossos funcionários, nossos serviçais, nossos empregados. A sociedade é a senhora, a qual será servida, pelo menos assim deveria ser. Mas muitos de nossos dirigentes não compreenderam esta verdade e tornaram-se despóticos e autoritários e deixaram de cumprir suas obrigações para as quais foram eleitos, a fim de atender unicamente os próprios interesses. A experiência do dia-a-dia declara quanto o povo por isto está sofrendo: com a carência total de condições de vida, com a corrupção generalizada, com a violência, com a omissão, com a exploração, com a opressão, com a humilhação e tudo isso nos faz crer que no caso, “demos”, tem mais o significado religioso de demônio do que de povo, visto que estamos vivendo num verdadeiro inferno de problemas, sofrimentos, desesperos, incertezas, angústias...
Há uma lei do TSE que proíbe os candidatos de comprar votos cujas penalidades são severas, inclusive a cassação do mandato, mas de eficácia duvidosa porque não afeta em nada as qualidades daquele que será eleito, portanto é uma lei demagógica, apenas para iludir o eleitor com a falsa impressão de zelo das autoridades eleitorais, mas, o mesmo Tribunal permite as doações de campanhas feitas geralmente por grupos econômicos, banqueiros e empresários, ipso facto, permite comprar candidatos que é muito mais deletério e prejudicial ao sistema, pois deixa o eleito, submisso e compromissado com os doadores, obrigando-o a legislar segundo seus interesses que com certeza não são os do povo. Este sistema de governo nascido do poder econômico é conhecido por plutocracia (lat. pluto riqueza), onde pobre não têm vez, mas apenas os ricos, não sendo assim democrático. A concentração de renda e a miséria são as características fundamentais deste sistema, como bem mostra nossa triste realidade. Se as doações fossem anônimas e em nome TSE, para que este custeasse as eleições, haveria por ventura, algum doador? Creio que não. Não haveria beneméritos. Este processo deverá então ser imediatamente modificado. Mas como?
O eleitor isolado, sozinho, não tem forças e nem condições de se dirigir aos políticos para sugerir propostas, reivindicar, pedir, solicitar um favor, enfim está marginalizado e em nada colabora e nada recebe. Contudo, associando-se a um movimento ou agremiação de eleitores, sem compromissos partidários, formando um grupo forte e poderoso, terá, portanto, condições para escolher candidatos, estabelecer com eles um compromisso de trabalho mútuo, criando laços de amizade sincera, podendo assim, participar mais de perto, com oportunidades para sugerir propostas, reivindicar, pedir, solicitar favores, enfim colaborar e receber. Isto sim é ser cidadão e exercer com inteligência a cidadania...

domingo, 21 de abril de 2002

Servir é melhor

No passado, cerca de dois séculos atrás, foram decifrados os hieróglifos, permitindo aos estudiosos conhecer a história e os costumes do povo egípcio. Hoje, século XXI, terceiro milênio, decifrou-se o código genético, permitindo aos cientistas corrigir os possíveis defeitos hereditários, além de muitas coisas mais. Entendemos facilmente que esta segunda descoberta tem mais valor devido sua grande aplicação. Mas, em diferentes ocasiões, a maioria das pessoas, não tendo condições para avaliar suas ações, invertem os valores, mostrando que o homem atual não é capaz de hierarquizar corretamente, seus desejos, suas ambições e preferências, por isso sua conduta prejudica muitas vezes os outros e a vida em sociedade torna-se a cada dia, mais difícil e sufocante.
Assim, caro leitor, em seu modo de pensar, o que as pessoas mais gostariam, de servir ou de ser servidas? Isto mesmo. Todas elas querem ser servidas. Mas como? Quem iria servi-las? Portanto não está certo. Contudo ainda insistem e devido a esta preferência egoística, muitas pessoas, no afã de realizar seus desejos, nem reparam que estão prejudicando os outros, como acontece com freqüência nos supermercados onde, encontrando com amigos, ficam conversando em frente às prateleiras, impedindo o seu livre acesso. O mesmo se dá com motoristas que ansiosamente estacionam seus veículos ocupando mais de uma vaga impossibilitando outros de estacionarem, além de mais exemplos. Tudo isso é praticado inconscientemente, motivado apenas pelo desejo de ser servido.
Entretanto, se desejássemos servir, além de ajudar o próximo, não estaríamos aborrecendo nem a ele e nem a nós, e sobrariam muitas vagas nos estacionamentos. Portanto devemos servir, pois somente assim, seremos servidos. Mesmo porque, servir é plenitude, ser servido é carência; servir é poder, ser servido é submissão; servir é riqueza, ser servido é pobreza; servir é força, ser servido é fraqueza; servir é liberdade, ser servido é dependência; servir é a voz ativa do verbo, ser servido é a voz passiva. Ainda mais, àqueles que servem acumulam créditos, aos que são servidos aumentam-lhes os débitos, condição incomoda aos homens de bem. Com este pensamento despertado em nossa consciência, de maneira fácil e prazerosa, procurando servir, estaremos ajudando os outros, não causando transtornos ou aborrecimentos e a vida ficará certamente melhor, porque quem não serve, não serve.

sábado, 16 de março de 2002

Nos olhos alheios não arde!

Conta-se que na Inglaterra, no tempo do rei Ricardo Coração de Leão, lá pelas bandas da floresta de Sherwood, havia um homem que roubava dos mais abastados, para dar aos menos afortunados. Era o lendário Robin Hood, conhecido por todos. Sua atitude era louvada pelos pobres, mas abominada pelos ricos. Ele, certamente numa visão antecipada, inspirando no adágio de que, quem rouba de ladrão tem cem anos de perdão, julgava estar praticando o bem, mesmo roubando; e ainda hoje esta prática é freqüente entre nós, embora muitas vezes praticada pela metade: apenas no roubar, mas não no doar.
Recentemente, o governo de Minas criou uma lei que visa tirar recursos dos municípios ricos para dar aos mais pobres, e devido à semelhança, foi denominada lei Robin Hood. Os administradores das grandes cidades, como Uberlândia, reclamam da injustiça desta lei e assim, o secretário municipal de finanças a denominou de: “a famigerada lei Robin Hood”. Realmente, este não é o caminho. Não podemos enriquecer uns, empobrecendo outros, mas sim, elaborando leis que venham disciplinar e orientar corretamente a sociedade, proporcionando a todos realizar o próprio desenvolvimento. Entretanto, o nosso atual prefeito, sem condições para receber o pagamento das contas de água dos pobres e infelizes, está propondo a isenção destas taxas para as famílias carentes, mas para tal, pede um aumento compensador, nas tarifas dos que podem pagar, de modo semelhante a Robin Hood, ao invés de oferecer a elas, condições para que possam se desenvolver e levar uma vida independente, isto é deveras cômodo e interessante. Muito interessante. Interessantíssimo. Porque pimenta nos olhos alheios não arde!

sábado, 20 de outubro de 2001

Uma mensagem aos motoristas

São comuns as pessoas discutirem sobre futebol, política, e outros assuntos, com tanta veemência e paixão que por vezes chegam ao estremo e até as vias de fato. Outros declaram com tanta ênfase que seus carros são os melhores, assumindo uma atitude mesquinha e antipática. Afinal, por que tudo isso? Afinal, são por ventura diretores dos clubes ou seus jogadores? São políticos ou seus parentes? Ou ainda foram os projetistas que construíram os carros ou que tenham apertado pelo menos um só de seus parafusos? Não. Com toda certeza, não. Por que então tudo isso? A resposta é simples: essas pessoas são fúteis ocas, internamente vazias que buscam uma compensação externa na esperança de preencher sua vacuidade interna.
O que está acontecendo neste início de milênio é estarrecedor e lamentável, hoje, o ter vale mais que o ser; o carro vale mais que o motorista. O desejo insaciável do ter é a causa primária de todos os problemas que assolam a humanidade. Esta inversão de valores, motivada e mesmo imposta pelo asfixiante sistema econômico que declara equivocadamente que as pessoas valem pelo que elas têm, deverá ser imediatamente revogada e será fácil, basta que cada um compreenda que o ser é bem mais importante que o ter. Então...
O motorista consciente é feliz, porque considera o pedestre. A preferência é sua, amigo pedestre, eu lhe espero, estou de carro, portanto sou mais rápido.
O motorista consciente é feliz, porque compreende seus colegas e não interrompe o trânsito quer rodando em baixa velocidade ou parando em fila dupla.
O motorista consciente é feliz, porque aguarda serenamente a sua vez, não insistindo ou buzinando nervosamente.
O motorista consciente é feliz, porque não grita e nem xinga o colega quando este erra, mas o cumprimenta e lhe oferece ajuda.
O motorista consciente é feliz, porque dirige em velocidade correta pois assim entende e não por medo de radares e multas.
O motorista consciente é feliz, porque é cuidadoso, tranqüilo, útil, prestativo... Enfim é um cidadão.
Oxalá nossas autoridades na área do trânsito, também fossem conscientes e procurassem orientar amorosamente os motoristas e não valer de seus descuidos e equívocos para lhes multar com valores elevados que embora legais, são injustas visto punir mais o pobre do que o rico e deixando perceber claramente que exploram delitos e vendem perdões.
Estamos terminando o primeiro ano do século XXI e iniciando um novo procedimento, que será certamente a característica fundamental deste Terceiro Milênio e a nossa redenção.
Oxalá, todos assim compreendesse...

domingo, 19 de agosto de 2001

Thomas Edison

Thomas Alva Edson foi um físico americano, inventor de inúmeros aparelhos elétricos, entre outros, o fonógrafo, precursor dos atuais CDs e a lâmpada de incandescência (1847 - 1931). Conta-se que em certo dia, exausto, depois de muito trabalhar em busca da sonhada lâmpada, seu assistente observou: desista Thomas, nós já fizemos mais de setecentas experiências que não deram certo, tudo em vão, portanto desista. Como? Desistir? Agora que estamos setecentos passos na frente? Agora que já conhecemos setecentos caminhos errados? Agora não! Jamais... Continuou e pouco tempo depois, acabou descobrindo a lâmpada elétrica tão desejada e que a todos nós ilumina. Este pequeno relato traz, contudo, muitas luzes para clarear os difíceis momentos que havemos de passar, iluminando os sinuosos e acidentados caminhos de nossa vida.
Entendemos primeiramente, que as grandes realizações não são fáceis e somente os persistentes alcançarão êxito. No mundo em que vivemos, os erros e os fracassos são constantes e inevitáveis; o importante porem, é saber interpretar as falhas e construir os acertos, como Thomas Edson que conseguiu inventar a lâmpada elétrica somente depois de ter errado mais de setecentas vezes. O erro é um sinal de alerta e não um tributo ao individuo, é um acidente e não propriamente um mal, e que não deve ser censurado, mas compreendido pois quando vencido, é o degrau para o sucesso.
Entretanto, o homem de hoje não vê desta maneira, e em sua avaliação, considera o erro como resultado negativo e somente este é contabilizado, mostrando equivocadamente, que neste processo, o vício é mais forte que a virtude, e quanta injustiça se comete. Devemos mudar o nosso procedimento e aprender avaliar as pessoas considerando os acertos e não as suas falhas. Este procedimento positivo constitui um estímulo ao crescimento de todos. Afirmo que se Thomas Edson fosse tão intransigente com o erro, hoje estaríamos às escuras. Assim esperamos e desejamos que um dia assim seja.

quarta-feira, 15 de agosto de 2001

A negligência e o excesso de zelo

Tudo indica que a autodefesa constitui a principal forma para atender ao instinto de conservação dos seres. Os vegetais buscam a luz inclinando-se em sua direção ou aumentando seu caule, como as árvores, tornando-se mais altas como se vê nas matas; outras se satisfazem com lugares menos iluminados. Nos animais, as formas de autodefesa são mais variadas, assim o leão e o tigre que são os mais fortes, confiam em suas presas e garras, portanto são tranqüilos. A corsa se defende pela velocidade, a raposa pela astúcia, e muitos insetos pelo mimetismo, assim a frágil borboleta adquire as tonalidades do ambiente, outras abrindo as asas coloridas, se apresentam como se fossem verdadeiros e horríveis predadores, livrando de ser devoradas. E o homem?
Este se defende das mais variadas formas. Devido sua inteligência, emprega armas, armadilhas, e outros recursos e dependendo do agressor, recorre aos meios de comunicação valendo-se da mentira, oferecendo vantagens, como no caso de políticos, que usam a demagogia, cujo princípio é a ambição, e não sabemos bem, se do eleitor ou do candidato, provavelmente de ambos. Uma coisa é certa: fora o homem menos ambicioso e seria menos enganado.
Dentre os maiores agressores do homem, está ele próprio e defender de si mesmo, é a tarefa mais difícil, uma vez que não pode contar com armas, surpresa, mentira, promessa, demagogia e muitos outros recursos que são de grande eficácia contra os demais, mas não contra si mesmo. Isto porque ele é agressor e vítima. È o ego contra a consciência.
Ignorar a agressão o deixa vítima; combate-la o incomoda, então concilia. O acordo se faz tomando uma medida aparentemente severa e supostamente eficaz, apenas para anestesiar a consciência que é a verdadeira vítima, mas sem punir o ego agressor. Esta prática tão sutil é freqüentemente empregada por muitas autoridades, que negligenciando suas obrigações, logo propõem uma medida excessiva, severa fugaz, mas impraticável, conhecida por excesso de zelo, suficiente apenas para anestesia-lo, somente para inglês ver, mas não para resolver. E a vida continua...

domingo, 29 de julho de 2001

Uma proposta alternativa

Acabamos de ingressar no terceiro milênio da era cristã, caracterizado mais pelo desenvolvimento técnico-cientifico do que pela fé religiosa, pois com a experiência retratada no cotidiano, vê-se quantas vezes o ódio tem sido mais forte do que o amor, e a vingança mais do que o perdão. A esperança de redenção do homem parece distanciar-se. Precisamos, urgentemente, abandonar os procedimentos antigos que se mostraram ineficazes, visto as freqüentes notícias sobre os crimes, rebeliões nos presídios, corrupção de políticos, furtos, estupros e outros, e buscar novos horizontes para renovar nossas esperanças.
Não somente o homem, mas muitas espécies de animais, também vivem em sociedade exigindo uma disciplina para tornar o ambiente propício e agradável, portanto necessitam de um líder, de um governo. Vivemos em uma democracia onde o poder emana do povo, assim as autoridades constituídas, são apenas funcionárias e serviçais do povo. A sociedade é a senhora e os governantes são seus empregados. Enquanto tais autoridades, não reconhecer esta condição, continuarão despóticas e autoritárias e não cumprirão suas obrigações e quem pagará e sofrerá, é sempre o povo como muito tem acontecido.
Governar é dirigir, orientar, dedicar, amar... Entretanto, o que recebemos são repreensões, castigos, punições, explorações, humilhações... Os exemplos além de abundantes são ainda mais horripilantes. Injustiça e mais injustiça se praticam em nome da justiça. Violência e mais violência se praticam dizendo combater a violência. Especificamente, tudo isso acontece com freqüência, na área do trânsito. Entendemos facilmente a necessidade de uma legislação para nortear e orientar os motoristas, mas discordamos totalmente do tratamento dispensado aos que erram. Estes em vez de ser tratados com cuidado e carinho, são, entretanto, agredidos, violentados e explorados com multas excessivas, que não corrigem em nada o infrator, visto que as multas não dão a eles as orientações de que necessitam, mas apenas enchem os cofres públicos para ser depois, marotamente esvaziados. Ora se um motorista cometeu certa infração, é porque a ocasião assim exigia, ou porque não conhecia bem o código e neste caso deveria ser reciclado e conscientizado com palestra educativa. Será que apenas multado ele aprenderia tudo isso? Além do que, a multa é injusta, porque pune mais o pobre do que o rico, mostrando ainda que o Estado explora delitos e vende perdões. Considere-se por outro lado, a grande impropriedade que existe, pois os serviços de radares foram terceirizados, estando deste modo, atribuindo a empresas particulares, a tarefa de orientar, ou melhor, dizendo, punir o povo, tarefa esta, que é intransferível e exclusiva do Estado. Não fora o lucro tentador e a grande ambição, tais empresas não se habilitariam.
Os milhares de motoristas que foram multados sentem-se violentados. Então as autoridades competentes, em lugar de multar, deveriam oferecer primeiro uma reciclagem acompanhada de palestra educativa para que o motorista se aprimore mais, conhecendo melhor as normas do trânsito, e depois, determine dentro de sua capacidade, para que repare o erro cometido, prestar um serviço na área social que é de maior proveito para a sociedade. Esse é o procedimento correto que deve ser adotado por nossos dirigentes, porque somente assim, as pessoas mudarão e o mundo ficará certamente melhor...

domingo, 20 de maio de 2001

Qual a função da universidade

Não há muita diferença entre o homem antigo com homem do terceiro milênio. Não obstante as modernas descobertas científicas, além da grande explosão demográfica, contudo, muitas indagações continuam sem respostas, pois desde a década de 50 quando iniciei minha carreira universitária, já se cogitava saber qual é a principal função da universidade e ainda hoje, se faz a mesma pergunta. Várias respostas e explicações são oferecidas, mas nenhuma nos satisfaz.
Dizem alguns professores que a principal função da universidade é formar profissionais. E para que? Se as empresas estão todas informatizadas e já trazem tudo normatizado e automatizado, uma vez que as industrias oferecem aparelhos e equipamentos altamente desenvolvidos e minuciosamente programados para executar operações complexas e que requerem apenas técnicos para operá-los. Até os organismos governamentais já estão normatizados e com normas sufocantes inibindo toda e qualquer iniciativa e criatividade do profissional, reduzindo-o a um simples e humilde técnico sem oportunidade para crescer e destacar. Há também de considerar o grande número de pessoas que ora trabalham em atividades bem diferentes das áreas que se formaram, sem levar em conta os muitos desempregados, que mesmo com os baixos salários impostos pelo asfixiante sistema econômico que hoje nos domina, explora, sacrifica e escraviza, não encontraram empregos. Tudo isso está incluído na expressão de que a universidade é um instrumento hegemônico do estado, acrescento eu: e também dos aproveitadores da sociedade. Então para que profissionais? Estas observações não constituem um protesto ou uma crítica, mas uma triste constatação, pois suas conseqüências já chegaram até a universidade, onde a descrença e o desânimo contaminam, alunos e professores. Embora a universidade possa formar profissional, contudo, esta não é a sua mais importante atividade, visto que muitas instituições também desempenham esta função como: o SENAI, SENAC e vários centros de formação profissional.
Outros declaram que a função principal da universidade é transmitir conhecimento. Pois bem, neste caso os verdadeiros agentes transmissores de conhecimento são os livros, mesmo porque os conhecimentos transmitidos pelos professores, além de poucos, tiveram origem neles e que nem todos são escritos por professores. Perto do final da segunda guerra, houve um grande desenvolvimento técnico-cientifico, destacando os estudos relativos ao átomo, que culminaram com a descoberta da bomba atômica e duas arrasadoras explosões, pondo um ponto final no conflito. Foi um espetáculo fantástico, magnífico em termos de ciência, pois o átomo estava dominado, mas o homem não, tanto que logo começou a guerra fria e as potências se armaram com um arsenal tão grande que era capaz de destruir quatro vezes o planeta e isso deixou a humanidade atônita, desesperada, estarrecida, reprovando, censurando, condenando, lastimando, maldizendo e erradamente insinuando que a ciência era perigosa e o conhecimento, em certas ocasiões, um grande mal, não percebendo que o erro foi cometido pelo homem e desde então, a universidade começou a negligenciar, iniciando sua desvalorização. Tempos atrás, foi instituída a merenda escolar para atender os milhares de alunos carentes. Assim, devido às dificuldades, muitos se matriculavam apenas para receber a sopa escolar. Semelhantemente, em virtude do desemprego, muitos recém formados e sem o devido preparo, se matriculavam nos poucos cursos de pós-graduação que havia, muitas vezes bem distantes de sua área de formação, isto é: em disciplina “nunca dantes navegada”, escolhida mais pelas possibilidades do que pela vocação, apenas para receber a bolsa de estudos e compensar o desemprego. A universidade, reconhecendo sua falha cometida com o curso de graduação e procurando sutilmente se desculpar e ao mesmo tempo se valorizar, passou a exigir o mestrado e atualmente, o doutorado e começou oferecer com intensidade tais cursos, principalmente por ser uma excelente fonte de recursos para ela e um ótimo complemento salarial para os professores, atribuindo-lhes uma hipervalorização, muitas vezes imerecida, mas capaz de mantê-la em evidencia, isto sim, a desvalorizou ainda mais. Sua negligencia e incapacidade, criaram um grave problema, pois agora, a maioria dos professores não quer lecionar para alunos do curso de graduação, já que não lhes rende mais status e nem dividendos extras. Este problema deverá ser resolvido rapidamente, através de uma reformulação de prioridades e sabemos de suas dificuldades, pois terão que ser feitos muitos acréscimos e várias abdicações, mas que são de extrema necessidade. Considere-se também, que hoje a lista de conhecimentos que dispõe a humanidade, cresceu assustadoramente e portanto o homem só é capaz de receber ou absorver uma pequena parte dela, não mais que um milionésimo por cento, e que pouco representa. Por tudo isso, o transmitir conhecimento não constitui o papel fundamental da universidade, posto que, o conhecimento em si não resolve, porque não redime.
Existem, entretanto aqueles que declaram que a principal função da universidade é gerar conhecimento. A experiência nos tem mostrado que os conhecimentos gerados pela universidade brasileira, além de poucos, são também de pouca valia, principalmente no contexto mundial, mesmo porque a imensa maioria dos nossos pesquisadores tem feito da pesquisa um simples meio de vida e não a realização de suas vocações, e mais, como o número de trabalhos publicado é a base do critério de avaliação do pesquisador, isso tem levado muitos deles a dividir sua pesquisa em várias partes, para aumentar o número de publicações; estas são as principais razões da baixa qualidade e do alto descrédito de nossas pesquisas. Por outro lado, muitas empresas procuram gerar seus próprios conhecimentos, assim as indústrias químicas da Du Pont gastaram em 1975 a importância de 360 milhões de dólares em pesquisas, utilizando cerca de 5000 pesquisadores. Os conhecimentos sobre a Astronáutica, Informática e ultimamente os relativos à leitura do código genético e muito outros, não tiveram origem na universidade. Concluímos que embora a universidade possa exercer esse papel, contudo não representa a sua principal função, uma vez que outras instituições também podem realizar esse trabalho e talvez até melhor.
Qual será então, a principal função da universidade?
Reclamam os professores dizendo que faltam verbas para pesquisas, que a universidade brasileira está sucateada, abandonada, esquecida, desvalorizada... Embora sendo verdade, entendemos claramente a atitude do governo, pois não conhecendo o seu grande valor, pouco a valoriza. Esta prática é tão natural que até os animais assim se comportam, é o caso do burro que desprezou uma barra de ouro em busca de um monte de feno. Não somente o governo tem desvalorizado a universidade, mas também os professores e talvez mais pela falta de verbo em suas aulas, do que o governo pela falta de verba, mesmo porque o verbo é o mais importante nesse trabalho de orientar corretamente o homem. Os próprios alunos e mesmo a sociedade têm desvalorizado e muito a universidade brasileira, como se retrata na vulgarização das festas de formatura, onde formandos e familiares esboçando um regozijo artificial, com escárnio, tocam cornetas, assoviam, gritam... Com alaridos, zombam e riem, numa atitude de autodefesa e procurando justificar, reduzem o valor de seus estudos, esperando diminuir as responsabilidades e anestesiar suas consciências para que cada um possa dizer: não esperem nada de mim, pois não me sinto preparado. Esta é a percepção triste daquele que teve a graça, de no passado, assistir a autenticas festas de formatura quando estas representavam verdadeiramente a liberdade e a redenção do profissional, chamado liberal e que hoje, não existe mais...
Ora, o que resta então à universidade ?
Cabe à universidade identificar sua verdadeira função, assumir sua posição e exercer seu verdadeiro mister, e para que tal aconteça, é necessário proceder a um estudo profundo e criterioso da sociedade, do homem e suas implicações.

sexta-feira, 27 de abril de 2001

A galinha dos ovos de ouro

Deste que o mundo é mundo, o homem busca realizar seus sonhos, satisfazer seus desejos e para consegui-los, não mede as conseqüências, não avalia as dificuldades e nem repara os erros; marcha resoluto em busca dos seus intentos na suposição de que os fins justificam os meios. Esta prática está tão generalizada que as pessoas, cegas pela ambição, nem percebem o mal que estão causando. Se este hábito se restringisse apenas ao povo, menos ruim, mas lamentavelmente já contaminou até as autoridades que nos governam. Eis um exemplo.
Entendemos que a principal função do governo é disciplinar o homem, com orientações próprias, no sentido de evitar a delinqüência, o desdize, a exploração, o crime, em resumo: a violência. Entretanto, estamos vendo passivamente, os nossos dirigentes negligenciando sua nobre missão, e valendo da autoridade, para sufocar e explorar o povo com a instalação de verdadeiras armadilhas e camufladas arapucas chamado radares que com frieza, sem talento para avaliar a situação, sabem apenas fotografar, delatar e depois multar os infratores declarando que procuram deste modo, diminuir a violência; violência não diminui violência, mas gera violência.
Estas autoridades estão enganadas em supor que as multas podem conduzir corretamente o homem, mas não conduz, pois aquele que age com receio de ser multado ou esperando uma recompensa, não faz conscientemente e sim interessadamente, portanto não é uma pessoa confiável, pois faltando a vigilância ou a recompensa, mudará certamente de conduta e por isso exigirá sempre, a presença de um guarda ou vigia que por sua vez, sendo homem, também poderá errar, e mais, quem vigiaria o vigia? E haja vigias...
Considere-se ainda, que a multa é injusta porque pune mais o pobre e seus familiares do que o rico, e devido ao seu alto valor, pode levar muitos à inadimplência, ao deslize, à corrupção e conseqüentemente à violência. Por beneficiar diretamente quem aplica, como nova forma de prover receita, torna-se difícil buscar o verdadeiro caminho, uma vez que ninguém mata a galinha dos ovos de ouro e quem padece como sempre, é o povo. Então, acreditar na eficácia da multa é pouca inteligência e muita esperteza. O único meio capaz de nortear corretamente o homem é pela consciência, portanto o infrator não deverá ser multado e sim, obrigado a fazer uma reciclagem acompanhada de palestra educativa para se corrigir, e reparar seu erro com prestação de serviços sociais determinado pelas autoridades. Oxalá um dia talvez, farão uma deliciosa canja com esta estranha galinha dos ovos de ouro...

terça-feira, 17 de abril de 2001

Laranjas e maçãs

O dia amanhecera lindo... Apenas uma pequenina nuvem branca manchava o azul do céu, refletindo a paz e a tranqüilidade, características das alturas e da imensidão celestial, contrapondo as guerras e os desesperos, próprios das baixezas terrenas. Embora do alto do céu, a terra pareça azul, na realidade é avermelhada, colorida pelo sangue diluído com lágrimas e suores derramados por milhares de infelizes que não encontraram um ombro amigo ou mesmo uma pedra onde repousar. Os problemas sociais que se avolumam em nossas cabeças, deixam o homem preocupado e aflito, em busca de soluções. Nem o grande desenvolvimento técnico-cientifico, marca fundamental deste terceiro milênio, será suficiente para diminui-los e hoje a humanidade ansiosa, procura desesperadamente um caminho.
Então, em casa, logo após o almoço, comentávamos sobre tais problemas que somente serão resolvidos, como dizem, quando houver a vontade política de nossos governantes.
Por que vontade política? Ora, simplesmente vontade. Pensem! E será que falta apenas vontade? Suponho que não, pois “com homens de boa vontade o inferno está cheio”.
Neste momento minha esposa, interrompendo a conversa, disse: você está surdo, eu lhe pedi maçã e você me deu uma laranja!
Ah! Sim. Tirei outra laranja do cesto que se achava à minha esquerda e lhe entreguei.
Ora, você está mesmo surdo, eu quero é maçã!
Pois bem, e dei-lhe outra laranja.
Como? Sou sua companheira de muitos anos e exijo uma explicação.
Pois sim, vou lhe explicar. Veja, não tenho maçãs, tenho apenas laranjas, como posso, portanto, lhe dar maçãs? Ninguém dá o que não tem.
Considere querida, que neste mundo de Deus, quantas pessoas mal têm laranjas podres ou mesmo azedas e você quer que elas lhe dêem maçãs? O que está faltando em nossos dias, não são de semeadores, mas sim, de sementes, aquilo que se há de semear. O que está faltando para resolver os problemas sociais, não é vontade, mas sim, idéias e que só surgirão com o pensar, mas lamentavelmente o homem de hoje não tem mais este valioso hábito, razão do acúmulo da violência que agora enfrentamos, portanto pense! Pense! Pense! Este é o caminho. Assim pensamos e assim havemos de entender...

domingo, 4 de fevereiro de 2001

Instrução e educação

Estamos iniciando o terceiro milênio da era cristã e não obstante falando a mesma língua, as interpretações têm sido confusas, vagas e ininteligíveis, portanto podemos afirmar que estamos vivendo uma nova Babel. Muitas palavras importantes estão sendo vulgarizadas, deturpadas, alteradas e por isso pouco representam, nada acrescentam, nada resolvem... A confusão mais deletéria que se faz é sobre a palavra educação. Embora todos reconheçam a sua grande importância, contudo o que pedem, reclamam e oferecem não passa de uma simples e modesta instrução, por isso nada resolve, nada soluciona e os problemas continuam. Para alcançar esta diferença basta entender que o homem é formado por três elementos: corpo, ego e consciência e o homem integral é aquele que seu corpo goza de boa saúde, tem o ego instruído e a consciência despertada, sendo, portanto, alegre e feliz. Precisamos, pois, distinguir claramente, educação de instrução, mostrando como são bem diferentes.
Em nosso dia-a-dia, encontramos várias informações com diversos graus de dificuldades para seu entendimento. Assim: o iodeto de potássio pode ser dosado por iodatometria usando clorofórmio como indicador, cujo produto final é o cloreto de iodo. A grande maioria não compreende claramente esta informação, somente os estudiosos da química, pois é necessário conhecimento básico, fundamental, exigindo vários pré-requisitos. Esta classe de informação, de natureza técnica, científica ou mesmo humanística pertence ao intelecto, ou seja, ao ego e constitui o objeto da instrução, que tem seu valor, porém não o suficiente para resolver os problemas sociais, mesmo porque, freqüentemente tem sido a causa de vários deles.
Outras informações como: entendemos hoje que, evitar a miséria e os crimes é mais importante do que praticar a caridade e a justiça, pois, justiça e caridade são apenas compensações. Esta é de fácil interpretação não exigindo pré-requisitos, sendo compreendida por todos, uma vez que já está impressa em nossa consciência, mas que se encontrava apenas encoberta ou mesmo adormecida pelo ego, e que neste instante, foi despertada. Considere o alcance deste pensamento e veja como redime. Esse despertar da consciência chama-se educar.
Educar é despertar a consciência adormecida pelo ego, através da meditação sobre pensamentos próprios, mister de educadores e não de técnicos ou profissionais, pois sua ação é na essência interna do homem e a consciência é o elemento que o conduz corretamente, sem equívoco, de maneira prazerosa e agradável, razão de sua eficácia, identificando e determinando aquilo que é certo e que devemos praticar, daquilo que é errado e que devemos evitar. Isto é ser ético.
A redenção do homem não vem da ciência, mas sim da consciência, portanto, eduque-se...

domingo, 14 de janeiro de 2001

Oh que saudades que tenho...

Eu me lembro, eu me lembro, era pequeno... a caderneta de poupança rendia 50% ao mês e a CPMF cobrava apenas, 0,25% sendo assim 200 vezes menor; os juros do cheque especial estavam próximos de 80%, portanto 1,6 vezes a poupança. Havia ainda naquele tempo, ofertas de empregos e as lojas estavam repletas de clientes embora com remarcações, mas os reajustes salariais compensavam razoavelmente bem; não havia mendicância, pois o desemprego era pequeno. De repente tudo mudou! De uma hora para outra, nossa moeda ficou ao par com o dólar. Seria real? Sim, era o Real. Mas como foi? Descobriram ouro em nosso subsolo? Aumentamos por ventura, o nosso parque industrial ou os nossos campos agrícolas? Não. E como se deu esse milagre?
Essa pergunta somente poderá ser respondida por um economista. Pois bem, sou economista, não por formação, mas por necessidade, como são quase todos os brasileiros e os economistas por necessidade sabem mais, então vejamos.
Hoje temos uma moeda praticamente estável, contudo os problemas aumentaram consideravelmente e por que? Porque agora a caderneta de poupança está rendendo apenas 0,6% ao mês (se isso pode ser chamado de rendimento) enquanto que a CPMF está em 0,3% e promete aumentar, correspondendo à sua metade; o cheque especial está próximo de 10% sendo mais de dezesseis vezes superior. Relacionando os valores verificamos que a CPMF aumentou em 10.000% (não me lembro de algo que teve um aumento semelhante) e o aumento do cheque especial fica acima de 1000%, e que no entender de um economista por necessidade, aí que está o caminho encontrado pelo atual governo para transferir o dinheiro do povo para os cofres públicos e banqueiros; sem dinheiro, não se compra, então não se produz, conseqüentemente, não tem empregos, mas sim violência e mais violência, é o que hoje abunda...
As atuais reportagens sobre as posses dos novos prefeitos mostram quantas prefeituras estão quebradas, se desfazendo, sucateadas; qual será a razão de tudo isso? O plano real, ou a corrupção? Provavelmente os dois, mesmo porque o Plano Real já é uma corrupção. Considerando, pois, que a história do homem é naturalmente evolutiva, mas por vezes também é cíclica e assim já em 1639, o padre Antônio Vieira, o maior orador sacro da língua portuguesa, disse em um dos seus sermões: “Muito deu em seu tempo Pernambuco; muito deu e dá hoje a Bahia, e nada se logra; porque o que se tira do Brasil, tira-se do Brasil; o Brasil o dá, Portugal (hoje, o FMI) o leva." Isto é exatamente o que está ocorrendo conosco, sem beneficio para o povo e sem nada luzir para o país, mas trazendo-nos somente incertezas e desilusões.
Toda essa tristeza e aflição me fazem lembrar do passado tranqüilo que tivemos, portanto... Oh que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha inflação querida que os anos não trazem mais...

domingo, 31 de dezembro de 2000

Beber água

Eu me lembro e com saudade de minha meninice, pois fui um menino alegre e ingênuo que gostava de brincar com os bezerros e outros animais da fazenda onde nasci. Passava horas olhando as nuvens procurando identificar nelas, figuras de animais ou mesmo de países conhecidos. A imensidão do céu despertava em mim o desejo de liberdade. Entretanto percebia que esta estava longe, pois pairava em mim, as determinações paternas de que isto ou aquilo só poderiam ser feitas pelos grandes; imaginava que ser menino era um impedimento aos meus desejos, mas como me livrar? Somente o tempo poderia me libertar, mas vai demorar muito... Então pensando, percebi que poderia ser grande se fizesse o que fazem os grandes.
Olhando, vi um cavaleiro solitário em uma estrada distante, lá na linha do horizonte e julguei que se cavalgasse sozinho seria grande, pois até então só o fazia ao lado de meu pai, foi quando me lembrei do burrinho de lida que ficava junto à porteira do curral. Resoluto apanhei o cabresto e colocando nele, de um salto o montei e saí cavalgando pela estrada afora. Logo chegamos ao espraiado, ponto em que o córrego corta a estrada e esparrama suas águas, bebedouro natural para os animais e parei. Bebe, bebe. Ora, por que não? Se não beber, não serei grande. Apeando, peguei em suas orelhas e puxava para baixo dizendo: bebe, bebe... Neste momento, meu pai vindo da invernada, suspendendo as rédeas pelo pulso e enrolando um cigarro de palha, ao ver-me disse: o que está fazendo meu filho? Quero fazer o burro beber água. E ele, meneando de leve a cabeça e com um sorriso respondeu-me: ora não se faz um burro beber água e afastou-se.
Confesso que nada entendi, percebi que era apenas um desista... Desiludido montei e voltado para casa abandonei a idéia; contudo aquela expressão ficou zoando em minha mente durante anos e anos sem nada entender, até o dia em que dei a minha primeira aula. Neste momento pude compreender com clareza, o significado daquela expressão, onde cada um faz somente o que quer e quando quiser.
Entretanto, hoje mais maduro e experiente, entendo que podemos fazer um burro beber água e não é muito difícil, pois basta dar a ele uma boa pedra de sal que logo, logo estará bebendo água... Portanto caros professores, quando forem dar aulas não levem copos d'água para seus alunos, mas sim, boas pedras de sal. O êxito desta prática depende da habilidade e arte de cada professor e o sal a que me refiro, corresponde à conscientização de seus alunos, sendo esta o ponto alto de uma aula e que constitui o grande mister do professor.
Assim pensamos e assim desejamos que seja, neste último dia do século e que amanhã ingressados no terceiro milênio, conquistaremos certamente, a nossa redenção...
Uberlândia, o último dia do século XX.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2000

Vocação de professor

Comentando certa vez, em uma aula com os alunos do curso de medicina, dizia de minha grande preocupação com o baixo aproveitamento escolar e que das várias razões, a principal é a pouca vocação de muitos estudantes. Na esperança de justificar a minha tese, perguntei a uma aluna o que a levou a escolher a carreira médica. Ela, depois de muito pensar, declarou: eu gosto de tratar de doentes. Esta resposta dita sem convicção, arrancou risos dos colegas. Estes sorrisos são provas de que tenho razão e todos afirmaram que sim, mas quando já me considerava vencedor e me dirigia para a mesa, foi surpreendido com a pergunta: e o senhor, por que resolveu ser professor? Confesso que esta observação me deixou embaraçado. Como responder? Procurando ganhar tempo e como que surpreso, disse-lhes: ainda não lhes contei? Não? Não acredito! Não pode ser! Com estas indagações e exclamações espaçadas, fui ganhando o tempo necessário para imaginar uma história capaz de explicar o motivo e logo me veio à mente uma e então, me colocando no meio do corredor, pude assim começar.
Olhem os meus sapatos. Não são sapatos, mas sim botinas de elástico e já desgastadas. Olhem a minha calça de linho. Não. Não é de linho, mas sim de brim e toda esfiapada, com sementes de amor seco, carrapichos e até esterco de curral, pois embora procurando despistar, jamais consigo encobrir a minha origem: nasci e me criei na fazenda.
Estava eu certo dia, repregando algumas tábuas soltas do curral quando se achava ali um (outro) burro. Em dado momento, ouvi um barulho estranho, era o burro que estava escoiceando a cerca. Procurando interpretar o gesto do animal, pensei: ah! Com certeza ele espera que seus coices possam abrir a porteira, mas é burro esse burro, pois a porteira e mais para a direita e logo voltei-me ao trabalho. Ouvi novamente o barulho e pude perceber que os seus pés ora passavam entre as tábuas e ali raspando, se machucavam. Preocupado, olhei ao redor e encontrei um pequeno pedaço de canzil e o atirei de leve para espantá-lo. Afastando, passou ao meu lado quando notei que seus pés estavam feridos. Embora trabalhando, minha mente preocupava com o procedimento do burro e assim pensava: a burrice agride, pois eu já me agastava com a atitude do burro; a ignorância fere, posto que, já sangrava o pé do burro e entre esses pensamentos, de repente me veio um estalo: hei de ser professor! Laguei o martelo e aqui estou.
Este foi o motivo que me trouxe ao magistério, certo ou errado, mas foi assim e ainda hoje percebo como valeu a pena e não me arrependo, pois fui imensamente gratificado, e no qual, me realizei plenamente.
Então, obrigado companheiro burro! Obrigado por ter despertado em mim esta magnífica vocação!

sábado, 11 de novembro de 2000

Palestra aos professores

Senhores.

O que estamos assistindo neste morrer de milênio, é simplesmente estarrecedor. O homem não suporta mais as pressões que ele mesmo criou. As notícias divulgadas pela imprensa mostram que estamos atravessando um mar de violências criadas por um dilúvio de confusões repetindo com horrores uma nova Babel. Precisamos urgentemente buscar as soluções, porém a grande dificuldade consiste em renunciar as trilhas antigas do nosso passado para encontrar o verdadeiro caminho, pois devemos volver o nosso pensamento para o futuro alvissareiro do terceiro milênio que está preste a raiar.
Considerando que o pensamento é o agente primário de nossas ações. Entendemos então que o pensar corresponde ao primeiro passo desta arrancada para a grande corrida em busca de nossa redenção, entretanto como o homem de hoje não têm o hábito de pensar, suas ações são por isso desconexas e sem eficácia e busca justificar declarando que os novos caminhos não passam de uma verdadeira utopia.
Recente reportagem sobre o uso de drogas mostra o grande despreparo da sociedade para resolver este problema. Pais se justificam acusando os professores de não orientar seus alunos, enquanto que os professores se desculpam dizendo que os pais não educam seus filhos. Essas acusações mútuas refletem a incompetência destes na orientação dos nossos jovens sendo esta a origem da sociedade desorientada que somos.
No passado, quando a população mundial era pequena, havia espaço para todos. Contávamos também com uma tecnologia simples, portanto não tinha uma grande variedade de produtos de consumo que tanto atraem as pessoas por isso a vida era calma sem concorrências e o velho modo de pensar foi então suficiente para resolver os poucos problemas da sociedade; hoje, porém, a população mundial explodiu a casa dos seis bilhões de habitantes reduzindo deste modo o espaço vital de cada um e assim nas grandes cidades, as pessoas se acotovelam nervosamente a ponto de explodirem.
A ciência e a tecnologia desenvolveram assustadoramente. Descobrimos os segredos do átomo, já fomos à Lua e dela regressamos, inventamos a luz elétrica, desvendamos o código genético, entramos na era da informática e outras descobertas mais, entretanto, na área do pensamento humano estamos como antes e esta é a razão da vertiginosa escalada da violência. Os conceitos vagos vindos do passado, não são suficientes para resolver os problemas do presente, pois é necessário estabelecer com precisão os significados das palavras e conseqüentemente das idéias. Não basta a sensação, é necessária a exatidão. Para explicar esta exigência, é bom entender, que jamais alguém pode executar bem uma tarefa, sem o conhecimento pleno do assunto.
Um dos exemplos mais importante e de fácil compreensão é sobre o sentido da palavra ofensa. Constantemente estamos ouvindo e dizendo que ofendemos e que fomos ofendidos, mas não somos capazes de conceituar com precisão o que seja ofensa, temos apenas a sensação de algo ruim, contrário ao elogio. Porém, conhecendo com precisão seu conceito, mudaremos certamente o nosso modo agir. Para esclarecer, respondam mentalmente: quem comete o maior equívoco, o ofensor ou o ofendido? Para responder com certeza esta pergunta, é necessário conhecer com exatidão o significado de ofensa. Qual será a resposta? Por que? Outra palavra freqüentemente usada e até mesmo recomendada como sendo o único caminho para solucionar os conflitos, é o amor, ou mesmo o amar. Mas o que é amar? O que é amor? Ora, se estamos com dificuldades para definir ou conceituar o que é amar, que dirá então da dificuldade de amar? Qual será ainda a qualidade do nosso amor? Na área escolar encontramos muitos outros exemplos, tais como: estudar, conhecer, saber, aprender e principalmente uma palavra usada por todos, sem um mínimo cuidado, dita por qualquer um e ainda com a presunção de ser um grande administrador, ou comentarista, ou diretor, ou professor, ou pai, ou um outro qualquer, refiro-me à palavra educação.
É triste, muito triste ouvir as pessoas dizendo coisas que nem sequer têm conhecimento, ainda que seja mesmo um conhecimento superficial, pré cientifico, pois os cotovelos não foram feitos para falar, mas sim, para doer. Este é o comportamento atual das pessoas mesmo das que têm o mister de nos governar. Por isso nada luz, nada resolve, porque para propor uma solução é necessário o conhecimento pleno do assunto. Considerando a violência, a corrupção, o uso de drogas e outros, antes devemos conceituar, determinar as causas e por último propor as soluções. Então: que é violência? Qual a origem da corrupção? Por que muitos usam drogas? Procedendo de modo semelhante, entendemos que o verdadeiro e único caminho para combater os males que nos afligem é a educação.
Educar é eduzir, isto é extrair o que de bom há no homem pelo próprio homem através de meditação sobre princípios educacionais trazidos por educadores e não técnicos ou profissionais, pois sua ação é na essência interna do homem: a consciência. Entretanto, lamentavelmente muitas pessoas não compreendendo o que seja a consciência erradamente não acreditam e inclusive confundem educação com instrução.
Concluindo: a consciência é o único agente eficaz que nos conduz corretamente sem a necessidade de guarda ou vigia, pois não seremos capazes de transgredir e não podemos dizer reeducar, posto que se foi educado não comete delitos, se não foi, não se reeduca. O homem consciente não tem medo, receio e temor, não é covarde, mas sim feliz.
Assim chegamos á conclusão de que a educação é o único e verdadeiro caminho para solucionar os problemas que afligem a humanidade. Mostrarei agora um exemplo vivo, experimentado por todos nós, respondendo a pergunta inicialmente formulada. Comecemos então pelo conceito: Ofensa é uma agressão ao ego alheio e por isso nos aborrece; elogio é urna carícia, portanto nos agrada. Ora, então para ser menos ofendido, basta ser menos egoísta, pois reduzindo ego, reduz conseqüentemente os aborrecimentos e logo quem comete o maior equívoco é o ofendido. Felizmente é deste modo, pois o nosso bem estar há de estar em nossas mãos e não nas alheias. Seguindo esse raciocínio, concluímos facilmente, que se Deus não é egoísta, jamais poderá ser ofendido e mudamos assim, todo o nosso modo de pensar, apenas por ter conceituado claramente a palavra ofensa. O grande problema do homem não consiste em resolver o dilema: perdoar ou vingar, mas sim, em não se ofender.
Que essa mudança de milênio seja o prenúncio de mudanças em nosso comportamento.

sábado, 19 de agosto de 2000

Foi um sonho

Estamos terminando o século vinte. Não obstante às grandes descobertas científicas, somadas à imensa explosão demográfica, ainda conservamos, entretanto, as tradições religiosas, vindas desde a nossa mais tenra idade. Na esperança de receber a proteção divina, aprendemos homenagear a Deus, atribuindo-Lhe várias qualidades e cada um, segundo suas idéias, declara seus atributos: Deus é bom, misericordioso, justíssimo, fiel, poderosíssimo e muito mais...
Ouvi certa vez, um pregador explicar os diversos atributos divinos, procurando provar com fatos que Deus é poderoso, bondoso, misericordioso e muito, muito mais... Todos ouvíamos atentamente esta pregação de mãos postas, de cabeças baixas e humildemente reconhecíamos a insignificância do homem perante Deus. A grandeza divina era terrivelmente ouvida pelos maus, mas trazia grandes esperanças de redenção para os bons e este é o entendimento que temos de Deus. O pregador deixou o recinto satisfeito por nos ter ensinado e nós com humildade, nos recolhemos para a grande meditação.
Então, naquela noite, pela madrugada, tive um sonho que me levou aos tempos passados quando eu morava na fazenda onde nasci.
“Estava eu cavalgando pelo pasto e me dirigia para a sombra de uma bela e frondosa árvore de batalha na esperança de me proteger do sol causticante. Ao aproximar-me percebi a presença de várias vacas que ali se achavam deitadas à sombra fresca da árvore. De repente ouvi um som esquisito. Espantado, percebi que eram as vacas conversando e atônito, pus-me a ouvi-las.
Então uma delas dizia: O nosso amo é extremamente bom, pois foi ele quem nos deu esta pastagem tão deliciosa.
Outra, com humildade, afirmava que o seu senhor é um grande ruminante; já a seguinte, garantia que o seu patrão é um verdadeiro quadrúpede e um autêntico irracional.
A próxima assegurava que a cauda do seu dono é imensa, cujos cabelos longos e cacheados reluzem aos raios solares.
Por fim, a última declarava que o seu senhor tem os chifres não somente grandes, mas ainda, harmoniosamente enrolados... Neste momento não me contive e empunhando o chicote dei-lhes boas chicotadas fazendo todas correrem em disparada pela ladeira abaixo. Voltei para casa aborrecido com o que elas pensavam de mim, pois eu sou humano e não um vacum.”
Assustado, então acordei. Analisando o sonho, percebi como as vacas estavam enganadas a meu respeito; embora todas parecessem humildes e satisfeitas esperando que estas declarações me agradassem, contudo me aborreci, pois eu sou um ser humano e não uma vaca ou mesmo uma super vaca.
Os pensamentos vagavam pela minha mente, quando me lembrei de que naquela mesma noite eu ouvia compungido o pregador dizendo coisas semelhantes com relação a Deus. Assim também, queremos nós atribuir a Deus, as nossas qualidades, imaginando que Deus é semelhante a um super homem, na mais autêntica heresia. A origem deste equívoco é primária, pois pretendemos infantilmente, colocar em nossa cabeça finita, um Deus infinito, como propõem os teólogos, pois embora, etimologicamente a palavra teologia seja viável, na prática é impossível, posto que é impossível, humanamente impossível, imaginar ou conhecer Deus.
Tudo isso foi um sonho, mas que constitui a mais pura realidade.

domingo, 23 de julho de 2000

A porta do céu é ampla, larga e espaçosa

O agente primário dos atos humanos é o pensamento, que após analisado pela luz do conhecimento, chega-se à conclusão do que deve ser realizado e então depois de convicto, toma-se a decisão, cujo êxito depende ainda do modus faciendi. Desde criança que assim procedemos e não medimos esforços, não avaliamos as dificuldades e nem contamos os aborrecimentos. Marchamos resolutos em busca do almejado. Os exemplos desta conduta são vários.
No passado, quando adolescentes, entendíamos que era sumamente importante saber andar de bicicleta. O aprendizado foi longo, sem professor. Tivemos que aprender sozinhos e com muitas dificuldades, várias foram as quedas, muitas escoriações, mas em nenhuma ocasião ficamos aborrecidos, pois estávamos como que anestesiados pela convicção de que era necessário, importante, maravilhoso saber andar de bicicleta. Então vencemos!
Outro exemplo, que lamentavelmente ocorre entre os jovens adolescentes, pelos seus despreparos, é o desejo de fumar que representa para eles uma auto-afirmação, algo muito importante para compensar a vacuidade interna, e assim convictos, começam a fumar, embora passando por todos os problemas, incômodos e dificuldades causados pelo fumo, como calafrios, tonteiras, sudoreses, enjôos e outros, sem contar as repreensões feitas pelos pais. Assim convictos, vencem a própria natureza e se tornam dependentes do fumo. Com tudo e com tristeza, verificamos que depois de adultos, não têm a convicção para abandonar o vício, embora seja muitas vezes mais fácil deixar de fumar do que aprender, uma vez que deixar, significa voltar ao natural. Assim se comportam as pessoas e assim mostramos resumidamente a força da convicção.
Compreendendo então, o seu grande valor, concluímos que a porta do céu é ampla, larga e espaçosa, até mesmo fácil e agradável e não, estreita, apertada, difícil, sacrificial, como dizem, pois o que faz a porta do céu parecer estreita não é senão, a larga ignorância que furta a convicção das pessoas, posto que, esta porta consiste no cumprimento espontâneo, livre, radiante, prazeroso e alegre das obrigações, nascidas da consciência, que constitui a nossa felicidade correspondendo ao nosso verdadeiro céu. Assim também concluímos, que podemos então, comer o pão com um sorriso nos lábios e não com o suor do rosto, como se afirmou no passado.
Uberlândia, 23 de julho de 2000.

sexta-feira, 30 de junho de 2000

As sementes transgênicas do terceiro milênio

A empírica e primitiva agricultura do passado resumia em limpar grosseiramente o solo e jogar a esmo algumas sementes e assim se fez durante muitos e muitos séculos. Na idade média, a agricultura desenvolveu um pouco mais, pois já se escolhiam as áreas para serem os campos agrícolas. Com o crescimento populacional, houve a necessidade de aprimorar os métodos aplicados na agricultura e para obter maior produção, verificou a importância de empregar terras férteis, principalmente as das margens dos rios e córregos. Mas estas eram também propícias para o desenvolvimento de plantas invasoras, conhecidas antigamente por joio e hoje por pragas, exigindo um trabalho a mais, que era o de capinar. Com o uso intensivo, estas terras foram enfraquecendo, diminuindo a produção e exigindo a adição de corretivos e adubos.
As modificações profundas, que sofreram essas áreas, alteraram consideravelmente o equilíbrio ecológico surgindo diversos agressores, tais como insetos, lagartas, várias doenças e a presença de plantas invasoras, todas de difícil combate. A solução foi empregar inseticidas e herbicidas, conhecidos por agrotóxicos, tão prejudiciais, comprometendo cada vez mais, o sistema ecológico. Durante este período, o homem procurou apenas melhorar as condições ambientais, sem se preocupar com a qualidade das sementes.
Atualmente com o desenvolvimento da genética, já se preparam sementes cujas plantas são mais resistentes às pragas e mais produtivas, de modo a baixar o custo operacional. Hoje, temos as sementes transgênicas, capazes de produzir tais plantas. Esta etapa é realmente a mais importante de todas posto que, atuando na própria semente, dá a ela as condições para vencer sozinha. Esta é resumidamente, a história da agricultura.
A história do homem é semelhante, pois no passado vivia apenas de frutas e um pouco da caça. Após séculos, iniciou seus primeiros passos na agricultura. Desde os primórdios, procura dominar o meio ambiente na suposição de que esse domínio representa o ponto alto de suas realizações. O domínio externo do homem foi verdadeiramente espetacular. Dominou os ares, dominou os mares, dominou a terra, dominou o átomo... Esqueceu apenas, de dominar a si mesmo!
O semeador do passado semeava sementes convencionais que nasciam e frutificavam apenas em terras férteis, mas não nas estradas, mas não entre os espinhos, mas não nos pedregulhos, porque eram sementes dependentes do meio ambiente, em um processo espoliador e desgastante, exigindo sempre, novas quantidades de fertilizantes.
As sementes transgênicas do homem do terceiro milênio haverão de nascer e frutificar, não somente nos corações bondosos, mas também, nos corações de pedra, nos corações de espinhos e ainda nos corações irrequietos das estradas em seus vai-e-vens, porque as sementes transgênicas da consciência, não dependem do meio ambiente, mas têm poder sobre ele, posto que elas possuem a capacidade de fertilizar o solo e abrandar os corações. O homem do terceiro milênio então, será forte, será brando, será alegre e principalmente educado, portanto feliz, porque haverá de nascer das sementes transgênicas de sua consciência.
Assim acreditamos e esperamos...

sexta-feira, 23 de junho de 2000

Educar para se libertar

Senhores.

A humanidade estará em breve, ingressando no terceiro milênio. A grandiosidade desta data é realmente inusitada. Esperamos que todos nós possamos assistir esta passagem, que marcará, não somente a mudança de milênio, mas principalmente, a profunda mudança no comportamento do homem, pois o que assistimos, nesse final, é simplesmente horripilante, triste, estarrecedor...
Percebemos, a necessidade urgente, de mudanças, uma vez que os problemas que se apresentam, são de profunda gravidade, colocando em risco, não apenas o homem, mas toda a natureza. A preocupação de todos nós é encontrar um caminho, que seja capaz de conduzir o homem a paz e a tranqüilidade, e este é o motivo de nossa reunião.
Não apenas nós, mas muitos outros, estão preocupados com a violência, e para resolver tais problemas, reunimos, estudamos e fazemos campanhas, tomando sempre uma providência qualquer. Hoje, esperamos que desta reunião surja alguma proposta importante. Serão abordadas questões fundamentais e procuraremos identificar alguns obstáculos. Precisamos, entretanto de muita paciência, carinho e amor para orientar o nosso povo. Compreender que nos falta orientação, pois ninguém dá o que não tem, esta é a razão, e hoje temos uma sociedade desorientada, procurando, ardentemente encontrar o caminho. Desse desejo, nasce a idéia de ser práticos, aguardando resultados imediatos e por isso estamos sendo iludidos, uma vez que os resultados não são assim, tão imediatos. (1)
O governo federal lançou nesta semana, um pacote de medidas para acabar com a violência. Os pontos principais, noticiados pela imprensa, correspondem ao aumento do contingente militar, revisão das penas e alguns outros. Pois bem. Pergunto aos presentes. Considerando que o crime é praticado pelos homens e que a polícia é composta de homens, surge a dúvida. Será que pelo simples fato de usar farda, torna-se incólumes? Se assim for, será fácil: basta colocar farda no povo. Por outro lado, imagina-se que a solução proposta consiste em combater a violência com outra maior. Estamos no caminho correto?
Comentaristas de telejornais defendem com veemência o aumento das penas, declarando a necessidade de aumentar a punição. Será que a punição traz a eficácia para combater a violência? Ensina-se que a maior punição é o inferno, mas logo declaram que o homem continua pecando, mostrando que nem mesmo esta pena tem eficácia no combate ao pecado. Essas medidas, se implantadas efetivamente, trarão grandes prejuízos para a sociedade. Um deles corresponde ao sofrimento imposto aos réus, cuja idéia principal é vingar e não corrigir. Um outro, provavelmente maior, que pela esperança da eficácia, não buscam a verdadeira solução, perpetuando deste modo, o problema, e até quando?(2)
Percebe-se pelas medidas adotadas, que o assunto sobre violência, nem foi devidamente estudado, fizeram apenas, uma análise superficial. Lamentável... (3)
A maioria das pessoas, não acredita na força da consciência. Declaram que muitas delas, pelos crimes que cometem, não têm consciência. Entretanto, isto não é verdade, pois a consciência é o agente mais eficaz na mudança de conduta do homem. Esta verdade pode ser demonstrada facilmente.
Existe uma recomendação que está escrita no grande livro sagrado, a Bíblia: “não julgueis para não serdes julgados”, que é do conhecimento de todos, e da qual ninguém duvida, todos acreditam. Contudo, algumas pessoas, entendem que esta recomendação insinua uma ligeira negociação onde, eu não julgo e você também não me julga, e tudo bem, e ainda, induz ao medo, temor, receio e até a covardia, e então não é educativa. E como deveria ser? Natural. Não julgar, simplesmente por não ser da nossa competência. Isto sim é educativo.
Quem discorda desta interpretação? Compreenderam a minha idéia? Fácil, não? Por que compreenderam com facilidade a minha idéia? Simples, por que essa idéia não é minha, mas sim, nossa. Ela já estava impressa na consciência de todos, mas, encoberta por uma camada de ego, estava adormecida pelo ego. O que fiz, não foi senão, limpar esta consciência, não foi se não, acordar esta consciência que dormia, embalada pelo ego. Isto sim é educar.
O homem é composto por três elementos: corpo, ego e consciência. Quando prevalece a consciência, o homem se diz educado, quando prevalece o ego, se diz egoísta. O homem integral é aquele que seu corpo goza de boa saúde, tem o ego instruído e a consciência despertada. Este homem é feliz...
A maior das violências que se tem hoje em dia, é o uso de drogas. Quantos jovens não morreram de overdoses? Quantas pessoas não foram vítimas fatais de drogados? Nota-se assim que o uso de drogas corresponde a uma das maiores formas de violência. O difícil é saber por que os jovens usam drogas. Será simplesmente a curiosidade? Por que não têm eles a curiosidade de beber leite de égua? Porque existe uma curiosidade dirigida, e o direcionamento desta curiosidade é então a verdadeira razão do uso de drogas.
O usuário de droga é um infeliz que não teve tempo de se preparar, portanto busca na droga a justificativa de seu despreparo. Por que não devo usar drogas? As justificativas que trazem para esta pergunta, não são verdadeiras, pois dizer que elas são prejudiciais à saúde, mas, não oferecer ao povo condições de trabalho, alimentação, assistência médica, não passa de uma justificativa hipócrita, desconexa, sem credibilidade e sem efeito.
Dizer que os traficantes são inescrupulosos e que em busca de lucros, expõe em risco a saúde dos jovens, enquanto nossas autoridades, estão sempre em guerra, procurando recolher em seus municípios o ICMS da Souza Cruz? Pois bem, o que é ICMS, se não, lucro. O que é a Souza Cruz, se não, droga? Pois qual a diferença destas autoridades com os traficantes? Pensem. Pensem mais. Sim, uma só. Estas são legalizadas, no mais tudo igual.
Precisamos, pois, esclarecer corretamente aos jovens, as verdadeiras razões porque não devem usar drogas. (4,5)
A sociedade infelizmente está passando por graves momentos. O desentendimento entre as pessoas, lamentavelmente é muito grande. Parece até, que estamos vivendo uma nova Babel. A comunicação entre os homens é obscura, as pessoas falam sem um entendimento correto das palavras. Existe apenas uma sensação, mas não uma clareza, uma certeza. Os cotovelos não foram feitos para falar, mas sim, para doer!
Muitos fatos desagradáveis têm ocorrido exatamente por desconhecerem o verdadeiro significado das palavras. Um exemplo claro, e que aconteceu há poucos dias, envolvendo pessoas importantes com o governador de São Paulo, Mário Covas e professores da rede estadual, que culminou com agressão física ao governador e a prisão de alguns professores. As razões declaradas pelo governador mostram com clareza, um grande equívoco. Disse ele: "Eu como representante do povo, tenho o direito de entrar no prédio da Secretaria de Educação, pela porta da frente”.
Realmente, o senhor governador tem o direito. Mas, o que significa esse direito? A palavra direito tem vários significados, como oposto ao esquerdo, nome de um curso superior, permissão e ainda o uso de condições vitais de um ser, pois, pressupõe-se a uma obrigação, portanto não é gratuito.
O direito evocado pelo senhor Governador, não passa, senão, de uma simples permissão a qual lhe é facultativa, enquanto que a prudência que o cargo lhe exige, é uma obrigação, portanto o senhor governador cometeu um terrível engano e que resultou na prisão de alguns professores. Isto é lamentável, pois há uma hierarquia entre o dever e o direito.(6)
Muitas outras palavras que ouvimos e dizemos no nosso dia-a-dia, embora de conteúdos importantes, delas temos apenas sensações, mas nunca um conhecimento pleno por isso nada resolve, além de nos conduzir a grandes equívocos.
É comum as pessoas dizerem que foram ofendidas. O homem ofende a Deus? De quem é a culpa das ofensas? O que é ofensa? Parece que todos já responderam essas perguntas. Acertaram?
Quando alguém diz a um outro: meus parabéns, você está simpático e muito bem vestido; a resposta que você deu foi realmente maravilhosa, mais uma vez parabéns. As pessoas ficam alegres e satisfeitas porque receberam um elogio. Entretanto, se alguém diz: você errou. Não devia ter agido assim, pois agiu com extrema ignorância, nem parece que é gente. Então, elas se aborrecem, se zangam, dizem que foram ofendidas.
Pergunta-se: Que é elogio? Que é ofensa?
O elogio é uma carícia, enquanto que a ofensa é uma agressão, que se faz ao ego alheio. Não fora tão egoísta, e seria assim, menos ofendido. Compreendendo a origem da ofensa, podemos reduzir nossos aborrecimentos e para tal, basta diminuir o egoísmo.
Ora se a ofensa é uma agressão ao ego, e como Deus não é egoísta, jamais poderá ser ofendido. Uma vez compreendido, mudaremos então o nosso modo de pensar e conseqüentemente o nosso modo de agir. Do exposto, conclui-se que o maior responsável pelas ofensas é o ofendido sendo ainda, aquele que recebe os aborrecimentos, e não o ofensor.
Para realizar bem uma tarefa, é necessário o conhecimento pleno do assunto, caso contrário, os resultados não serão satisfatórios. É o que está ocorrendo atualmente em todas as nossas atividades, inclusive nas mais importantes. Assim, o padre ou o pastor, durante um casamento, declara várias vezes a necessidade de amor entre os casais, diz que o caminho para a solução dos problemas é o amar, e nós repetimos freqüentemente essas palavras. Mas, que é o amor? Que é amar? Já pensaram? Ora, se temos dificuldades em encontrar pensamentos e palavras para nos explicar o que seja o amor, o amar, que dirá então, da dificuldade para exercer? (7)
Outro caso se dá nas salas de aula, onde o professor declara a necessidade de estudar, os pais também pedem a seus filhos que estudem, porém, ninguém teve o cuidado de explica o que é estudar, e assim os alunos não podem estudar corretamente, pois o que é estudar? (8)
Pior ainda é a confusão que todos fazem sobre a palavra educação. Entendemos que a educação é o único e verdadeiro caminho para solucionar os problemas que nos assolam, mas o que se oferece aos jovens, não passa de uma modesta, simples e até mesmo rústica instrução. Há uma diferença consideravelmente grande entre educação e instrução. A educação, o despertar da consciência, é o verdadeiro tema que deveria ser abordado.(9, 10)
Assim, as atuais campanhas de prevenção às drogas e também os processos de recuperação de drogados, apresentam poucos resultados, posto que são baseados no ego, cujo principio, consiste em oferecer algo, que no entender dos dependentes, parece mais valioso. Deste modo, tanto a recuperação quanto a prevenção, tornam-se precárias no momento em que o indivíduo depara com a desilusão e por isso, se sucedem as recaídas não apenas entre os drogados, mas também entre os delinqüentes supostamente recuperados. O mecanismo desta prática baseia nas sutilezas do ego que consiste em eliminar os pequenos egos visíveis, em benefício dos grandes egos invisíveis, mas, no desejo de se obter cada vez mais vantagens, tornam-se então, insatisfeito, e por isso acontecem com freqüência, as recaídas. Como o verdadeiro desejo do homem é a felicidade e como esta tem origem no cumprimento de suas obrigações, torna-se natural e fácil orientar a pessoa neste sentido. Eis o segredo da sua eficácia.
A verdadeira recuperação e também a prevenção devem basear apenas na conscientização do indivíduo. Como este processo não oferece prêmios ou castigos, mas recomenda simplesmente o cumprimento alegre e prazeroso de suas obrigações, é então, eficaz e permanente.

Palestra proferida na Loja Maçônica Obreiros da Caridade em Uberlândia.