sexta-feira, 1 de novembro de 2002

O direito e o dever

Entendemos que o pensamento é o agente primário dos atos humanos, pois antes mesmo de executar uma ação qualquer, primeiramente pensamos, para depois decidir, já o sucesso depende do conhecimento; assim para executar uma tarefa embora simples, é necessário pensar, querer e conhecer; isto acontece de maneira tão natural que nem percebemos. Mesmo assim, muitas pessoas, estão constantemente exigindo algo que em suas imaginações parece importante, imprescindível, enquanto que na realidade o que pedem e desejam é, contudo dispensável e supérfluo, porque não têm o devido conhecimento daquilo que reivindicam, como acontece quando exigem “os meus direitos”, pois procuram apenas satisfazer seus interesses.
Analisando a palavra direito, temos: o oposto de esquerdo, como o braço direito; sinônimo de correto, certo, permissão: ele como cotista, tem o direito de freqüentar o clube; nome de um curso universitário: curso de direito; Estes significados são vulgares, comuns e não trazem a importância para justificar a ênfase da reivindicação: os meus direitos. A idéia que justifica sua grande importância, não é, como muitos imaginam, que seja uma graça, gratuito, mas ao contrário, é oneroso, um ônus, pois o direito, no caso, corresponde as condições necessárias para se cumprir uma obrigação.
O pensamento holístico nos ensina que a continuação da natureza só se realiza efetivamente, quando cada ser se conscientizar de suas obrigações; destas surge a idéia do dever. Assim, os vegetais devem dar frutos, os animais, crias, e o homem, boas ações; a reprodução para perpetuar as espécies e as boas ações para aprimorá-las. Entretanto, para que o vegetal possa dar frutos, e bons, é indispensável o suprimento de água, luz, minerais e outros; para os animais tem-se condição semelhante; enquanto que para o homem é necessário ainda o alvedrio.
Das condições indispensáveis para se cumprir as obrigações, nasce o direito. O dever e o direito são, pois, duas forças que concorrem para o equilíbrio e a conseqüente perpetuação da natureza. O dever sem o direito é incapaz; o direito sem o dever é egoísta. A eficácia consiste em concordar o dever com a possibilidade de cada um, e o direito com a necessidade real que o mesmo dever exige. Deste modo, o dever está antes do direito, na ordem natural, apesar disso, lastimavelmente, estamos sempre reclamando os nossos direitos, mas nunca declaramos os nossos deveres, e por isso, o mundo de hoje está tão conturbado e injusto, devido esta exaltação do egoísmo.
Na sociedade, todos têm direitos, porque todos têm deveres. As crianças têm o direito de freqüentar a escola, porque têm o dever de estudar, de se preparar para cumprir corretamente suas futuras obrigações quando adultos. Os pais têm o dever de orientar os filhos, porém, o principal dever do governo é proporcionar as condições necessárias para que o povo possa cumprir suas obrigações, conseqüentemente tem o direito de nos cobrar impostos, e nós temos o direito de reclamar os nossos direitos.

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