quarta-feira, 15 de agosto de 2001

A negligência e o excesso de zelo

Tudo indica que a autodefesa constitui a principal forma para atender ao instinto de conservação dos seres. Os vegetais buscam a luz inclinando-se em sua direção ou aumentando seu caule, como as árvores, tornando-se mais altas como se vê nas matas; outras se satisfazem com lugares menos iluminados. Nos animais, as formas de autodefesa são mais variadas, assim o leão e o tigre que são os mais fortes, confiam em suas presas e garras, portanto são tranqüilos. A corsa se defende pela velocidade, a raposa pela astúcia, e muitos insetos pelo mimetismo, assim a frágil borboleta adquire as tonalidades do ambiente, outras abrindo as asas coloridas, se apresentam como se fossem verdadeiros e horríveis predadores, livrando de ser devoradas. E o homem?
Este se defende das mais variadas formas. Devido sua inteligência, emprega armas, armadilhas, e outros recursos e dependendo do agressor, recorre aos meios de comunicação valendo-se da mentira, oferecendo vantagens, como no caso de políticos, que usam a demagogia, cujo princípio é a ambição, e não sabemos bem, se do eleitor ou do candidato, provavelmente de ambos. Uma coisa é certa: fora o homem menos ambicioso e seria menos enganado.
Dentre os maiores agressores do homem, está ele próprio e defender de si mesmo, é a tarefa mais difícil, uma vez que não pode contar com armas, surpresa, mentira, promessa, demagogia e muitos outros recursos que são de grande eficácia contra os demais, mas não contra si mesmo. Isto porque ele é agressor e vítima. È o ego contra a consciência.
Ignorar a agressão o deixa vítima; combate-la o incomoda, então concilia. O acordo se faz tomando uma medida aparentemente severa e supostamente eficaz, apenas para anestesiar a consciência que é a verdadeira vítima, mas sem punir o ego agressor. Esta prática tão sutil é freqüentemente empregada por muitas autoridades, que negligenciando suas obrigações, logo propõem uma medida excessiva, severa fugaz, mas impraticável, conhecida por excesso de zelo, suficiente apenas para anestesia-lo, somente para inglês ver, mas não para resolver. E a vida continua...

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