sexta-feira, 10 de setembro de 1999

Vocação e motivação, determinar o perfil do profissional, mercado de trabalho

A complexidade da vida humana é o resultado da desigualdade entre as pessoas. Essa desigualdade tão criticada por muitos é, entretanto, a característica mais importante do homem, sendo o agente responsável pela sua vida na sociedade, onde cada um concorre com o seu talento para satisfazer o todo. Este pensamento baseado na desigualdade humana leva-nos a crer que todos têm, contudo, o mesmo valor, posto que, somos complementares, e assim, é dever colaborar, não somente com o homem, mas com toda a Natureza, de forma efetiva, sem egoísmo. Ao compreender e aceitar esta ordem, transformamos o dever em querer, de modo a ser prazeroso servir.
Nas escolas, como nas universidades, devemos aceitar essa desigualdade e oferecer aos alunos condições para que cada um desenvolva na plenitude, o seu talento. Lamentavelmente, muitos dos dirigentes universitários, em atitudes mal pensadas, afirmam a necessidade de se “determinar o perfil do profissional que se quer formar”, na presunção de que esse planejamento seja fruto da inteligência, não hesitam em implantá-lo.
Além de violar o alvedrio de cada um, esta idéia traiçoeira engana os próprios propositores e adeptos. Pois, considerando que a duração, dos cursos universitários, é de quatro a seis anos aproximadamente, ocorre que devido às profundas e rápidas mudanças na sociedade, o perfil do futuro profissional, pode vir a ser diferente, na ocasião das necessidades sociais. Ao determinar o perfil do profissional, estamos subtraindo-lhe outras oportunidades, deixando-o então, refém, cativo, submisso e escravo da ambição alheia.
A preocupação de estudar o “mercado de trabalho”, no intuito de oferecer um programa direcionado, é tão prejudicial e impróprio como o primeiro e nada disso se faz necessário, pois basta oferecer aos jovens alunos, orientação plena e condições para que cada um desenvolva o próprio talento, atendendo, deste modo, os apelos de sua vocação. Essa atitude, além de solucionar os problemas, não escraviza, mas sim, liberta e redime.
A vocação, este chamamento interno, esta inclinação, se realiza com o desenvolvimento do talento, tornando-o então, o elemento preponderante do bom desempenho escolar, proporcionando a auto-realização da pessoa, enquanto que a motivação, que é a criação de motivos, não tem a mesma eficácia, uma vez que é formada por agentes externos e assim, quando alguém reclama motivação, é indício certo da falta de vocação.

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