sábado, 15 de junho de 1996

As campanhas contra as drogas

As freqüentes notícias sobre as apreensões de drogas e o aumento do número de instituições para a recuperação de drogados, atestam a pouca eficácia das campanhas contra o uso indevido de drogas; isto por que, os fundamentos destas campanhas carecem de princípios educacionais, uma vez que, declaram como motivos: a desestrutura familiar, a ação dos traficantes, a influência das más companhias, a disponibilidade das drogas e outros agentes, todos de origem externa.
Não basta ensinar aos jovens “dizer não às drogas”. É necessário explicar o porquê e que se não justifica pelos prejuízos que causam à saúde e à moral, mas, pelas obrigações que se deixam de cumprir.
Justificar o uso pela disponibilidade da droga, é o mesmo que justificar o estupro, pela disponibilidade da mulher; ou dizer que, assim como Adão e Eva, eles também foram enganados pelos traficantes, e nem reparam, que se não engoda um cão com uma jóia, e se Eva comeu aquele fruto é porque já tinha um certo “apetite”, e o trabalho dos traficantes, resume apenas em lhes entregar a “droga”.
Os motivos relacionados como condições favoráveis para o seu uso, que na realidade servem mais como desculpas, propõem a esterilização do meio, enquanto que a verdadeira solução, consiste em vacinar o indivíduo: a educação é melhor do que a repreensão.
- E você leitor, também usa drogas?
- Claro que não.
- Mas, nunca houve discussões entre seus pais?
- Praticamente em todas as famílias, surgem discussões, discórdias, mas sem maiores conseqüências.
- Por ventura já esteve em más companhias?
- Sim e por diversas vezes.
- Já ouviu falar em drogas?
- Muito, e até conheço a maconha...
- Com todas estas condições e você não usa droga. Por acaso é um abençoado?
- Não.
- Então as pessoas que usam, são amaldiçoadas?
- Penso que não.
- Ora, como explicar?
- Não sei, não sei... É muito difícil... Gostaria de saber. Por que?
- Bem. O processo começou tempos atrás, quando ainda adolescente, e num raro momento, inconscientemente, abriu o coração e os ouvidos a um bom conselho e meditando sobre ele, tomou o caminho correto, e assim, hoje não usa drogas; os outros, que não passaram por este processo, infelizmente foram iludidos.
- Mas, que estranho processo é este, capaz de mudar tanto a vida das pessoas?
- Verdade. Afirmo que nem mesmo a profunda e complicada alquimia, que propunha transformar metais comuns em ouro; nem a maravilhosa metamorfose, que transforma a desajeitada e feia lagarta na ágil e colorida borboleta, tem maior eficácia. Este poderoso processo capaz de tornar delinqüentes em justos chama-se: educação.
Considere, meu caro leitor, que assim como você, todos nós fomos inconscientemente educados, posto que na ocasião, nossos pais não tinham uma concepção clara sobre educação, contudo os resultados são visíveis. Imagine agora, se tivéssemos sido conscientemente educados? Quais seriam os resultados? Certamente bem melhores.
Educar é despertar a consciência adormecida pelo ego, mister de educadores e não de profissionais ou técnicos, pois seu campo é a alma, a essência divina do homem.
No momento em que esse homem se descobrir, entendendo a sua função de colaborador da Natureza; abraçar amorosamente suas obrigações; transformar-se em um autêntico Cosmopolita, poderá então viver livre das drogas, conviver harmoniosamente com todos e com tudo, não havendo problemas, quer no trânsito ou ecológicos bem como, de violência, sociais e de tantos outros; portanto, devemos tornar mais freqüentes aqueles “raros momentos”, além de proporcionar uma conscientização efetiva através de meditação sobre princípios e pensamentos educacionais.
Só assim. E somente assim, é que haverá a verdadeira redenção.

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