sábado, 7 de dezembro de 1996

Amor não se pede e não se paga

Todos entendemos que o caminho do amor é uma das grandes esperanças de redenção da humanidade. Entretanto, poucos compreendem o que é o amor. Infelizmente, a maioria tem apenas uma sensação, mas não uma consciência sobre o amor e assim, vive reivindicando amor. O que constantemente se ouve entre os casais, são pedidos recíprocos de amor; até as abnegadas mães, freqüentemente reclamam o amor de seus filhos e estes, desconhecendo o que seja o amor, respondem: Mas a senhora também não gosta de nós; como sendo a forma encontrada de pedir amor, e ainda, confundindo deste modo, o gostar com o amar.
E enfim, todos reivindicam amor...
Entretanto, compreendemos que o amar não pode ser exigido, nem ordenado, mas que deve ser exercido livre, natural e espontaneamente, pois não tem outra finalidade, senão amar. Assim, reivindicar amor é antes, ignorância, e não sede ou sabedoria.
Existe um adágio popular que declara: “Amor com amor se paga”. Oh! Quantos equívocos e inverdades existem na maioria dos ditos populares, e neste, muito mais...
Ora, posto que, a Natureza é a manifestação visível do Pensamento Criador, conclui-se que o homem, como componente deste Pensamento e não apenas, um simples elemento à parte, busca ele, no amar, a realização de suas inclinações, e portanto, o amar é antes uma necessidade e não uma determinação ou ordem, como muitos querem; donde se conclui que, amar é mais gratificante do que ser amado, visto ainda, que amar é o exercício livre e natural do coração; a voz ativa do verbo; enquanto que o ser amado é a sua simples e triste voz passiva, não havendo então, o que pagar, contradizendo desta maneira, a pretensiosa máxima.
O amor é o objeto do amar, por ser este abstrato, deve ser conceituado abstratamente. Amar é, então: o diluir almas; o entrelaçar vidas; o integrar-se com o Todo... Assim sendo a auto-estima, cuja prática está tão difundida e recomendada, não é amar, pois, visando à própria pessoa, é então um sutil egoísmo, portanto, não deve ser estimulada. E assim, procurar soerguer alguém, vencido pelas drogas, abatido pelas doenças ou mesmo desiludido pelos insucessos, através do exercício da auto-estima, não é correto, devendo antes, conscientizá-lo para se integrar com o Todo, posto que, o mesmo tem suas obrigações para cumprir.
Agora que estamos comprometidos com as idéias acima expostas, chegamos a uma dificuldade: como interpretar, então, os ensinamentos contidos no Primeiro Mandamento da Lei, qual seja: amar a Deus sobre todas as coisas? Encontramo-nos pois, diante de um terrível impasse, onde Deus nos ordena amá-Lo, enquanto que nós, homens, pecadores, mortais... entendemos que, amor não se pede e não se paga...

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