sexta-feira, 30 de junho de 2000

As sementes transgênicas do terceiro milênio

A empírica e primitiva agricultura do passado resumia em limpar grosseiramente o solo e jogar a esmo algumas sementes e assim se fez durante muitos e muitos séculos. Na idade média, a agricultura desenvolveu um pouco mais, pois já se escolhiam as áreas para serem os campos agrícolas. Com o crescimento populacional, houve a necessidade de aprimorar os métodos aplicados na agricultura e para obter maior produção, verificou a importância de empregar terras férteis, principalmente as das margens dos rios e córregos. Mas estas eram também propícias para o desenvolvimento de plantas invasoras, conhecidas antigamente por joio e hoje por pragas, exigindo um trabalho a mais, que era o de capinar. Com o uso intensivo, estas terras foram enfraquecendo, diminuindo a produção e exigindo a adição de corretivos e adubos.
As modificações profundas, que sofreram essas áreas, alteraram consideravelmente o equilíbrio ecológico surgindo diversos agressores, tais como insetos, lagartas, várias doenças e a presença de plantas invasoras, todas de difícil combate. A solução foi empregar inseticidas e herbicidas, conhecidos por agrotóxicos, tão prejudiciais, comprometendo cada vez mais, o sistema ecológico. Durante este período, o homem procurou apenas melhorar as condições ambientais, sem se preocupar com a qualidade das sementes.
Atualmente com o desenvolvimento da genética, já se preparam sementes cujas plantas são mais resistentes às pragas e mais produtivas, de modo a baixar o custo operacional. Hoje, temos as sementes transgênicas, capazes de produzir tais plantas. Esta etapa é realmente a mais importante de todas posto que, atuando na própria semente, dá a ela as condições para vencer sozinha. Esta é resumidamente, a história da agricultura.
A história do homem é semelhante, pois no passado vivia apenas de frutas e um pouco da caça. Após séculos, iniciou seus primeiros passos na agricultura. Desde os primórdios, procura dominar o meio ambiente na suposição de que esse domínio representa o ponto alto de suas realizações. O domínio externo do homem foi verdadeiramente espetacular. Dominou os ares, dominou os mares, dominou a terra, dominou o átomo... Esqueceu apenas, de dominar a si mesmo!
O semeador do passado semeava sementes convencionais que nasciam e frutificavam apenas em terras férteis, mas não nas estradas, mas não entre os espinhos, mas não nos pedregulhos, porque eram sementes dependentes do meio ambiente, em um processo espoliador e desgastante, exigindo sempre, novas quantidades de fertilizantes.
As sementes transgênicas do homem do terceiro milênio haverão de nascer e frutificar, não somente nos corações bondosos, mas também, nos corações de pedra, nos corações de espinhos e ainda nos corações irrequietos das estradas em seus vai-e-vens, porque as sementes transgênicas da consciência, não dependem do meio ambiente, mas têm poder sobre ele, posto que elas possuem a capacidade de fertilizar o solo e abrandar os corações. O homem do terceiro milênio então, será forte, será brando, será alegre e principalmente educado, portanto feliz, porque haverá de nascer das sementes transgênicas de sua consciência.
Assim acreditamos e esperamos...

sexta-feira, 23 de junho de 2000

Educar para se libertar

Senhores.

A humanidade estará em breve, ingressando no terceiro milênio. A grandiosidade desta data é realmente inusitada. Esperamos que todos nós possamos assistir esta passagem, que marcará, não somente a mudança de milênio, mas principalmente, a profunda mudança no comportamento do homem, pois o que assistimos, nesse final, é simplesmente horripilante, triste, estarrecedor...
Percebemos, a necessidade urgente, de mudanças, uma vez que os problemas que se apresentam, são de profunda gravidade, colocando em risco, não apenas o homem, mas toda a natureza. A preocupação de todos nós é encontrar um caminho, que seja capaz de conduzir o homem a paz e a tranqüilidade, e este é o motivo de nossa reunião.
Não apenas nós, mas muitos outros, estão preocupados com a violência, e para resolver tais problemas, reunimos, estudamos e fazemos campanhas, tomando sempre uma providência qualquer. Hoje, esperamos que desta reunião surja alguma proposta importante. Serão abordadas questões fundamentais e procuraremos identificar alguns obstáculos. Precisamos, entretanto de muita paciência, carinho e amor para orientar o nosso povo. Compreender que nos falta orientação, pois ninguém dá o que não tem, esta é a razão, e hoje temos uma sociedade desorientada, procurando, ardentemente encontrar o caminho. Desse desejo, nasce a idéia de ser práticos, aguardando resultados imediatos e por isso estamos sendo iludidos, uma vez que os resultados não são assim, tão imediatos. (1)
O governo federal lançou nesta semana, um pacote de medidas para acabar com a violência. Os pontos principais, noticiados pela imprensa, correspondem ao aumento do contingente militar, revisão das penas e alguns outros. Pois bem. Pergunto aos presentes. Considerando que o crime é praticado pelos homens e que a polícia é composta de homens, surge a dúvida. Será que pelo simples fato de usar farda, torna-se incólumes? Se assim for, será fácil: basta colocar farda no povo. Por outro lado, imagina-se que a solução proposta consiste em combater a violência com outra maior. Estamos no caminho correto?
Comentaristas de telejornais defendem com veemência o aumento das penas, declarando a necessidade de aumentar a punição. Será que a punição traz a eficácia para combater a violência? Ensina-se que a maior punição é o inferno, mas logo declaram que o homem continua pecando, mostrando que nem mesmo esta pena tem eficácia no combate ao pecado. Essas medidas, se implantadas efetivamente, trarão grandes prejuízos para a sociedade. Um deles corresponde ao sofrimento imposto aos réus, cuja idéia principal é vingar e não corrigir. Um outro, provavelmente maior, que pela esperança da eficácia, não buscam a verdadeira solução, perpetuando deste modo, o problema, e até quando?(2)
Percebe-se pelas medidas adotadas, que o assunto sobre violência, nem foi devidamente estudado, fizeram apenas, uma análise superficial. Lamentável... (3)
A maioria das pessoas, não acredita na força da consciência. Declaram que muitas delas, pelos crimes que cometem, não têm consciência. Entretanto, isto não é verdade, pois a consciência é o agente mais eficaz na mudança de conduta do homem. Esta verdade pode ser demonstrada facilmente.
Existe uma recomendação que está escrita no grande livro sagrado, a Bíblia: “não julgueis para não serdes julgados”, que é do conhecimento de todos, e da qual ninguém duvida, todos acreditam. Contudo, algumas pessoas, entendem que esta recomendação insinua uma ligeira negociação onde, eu não julgo e você também não me julga, e tudo bem, e ainda, induz ao medo, temor, receio e até a covardia, e então não é educativa. E como deveria ser? Natural. Não julgar, simplesmente por não ser da nossa competência. Isto sim é educativo.
Quem discorda desta interpretação? Compreenderam a minha idéia? Fácil, não? Por que compreenderam com facilidade a minha idéia? Simples, por que essa idéia não é minha, mas sim, nossa. Ela já estava impressa na consciência de todos, mas, encoberta por uma camada de ego, estava adormecida pelo ego. O que fiz, não foi senão, limpar esta consciência, não foi se não, acordar esta consciência que dormia, embalada pelo ego. Isto sim é educar.
O homem é composto por três elementos: corpo, ego e consciência. Quando prevalece a consciência, o homem se diz educado, quando prevalece o ego, se diz egoísta. O homem integral é aquele que seu corpo goza de boa saúde, tem o ego instruído e a consciência despertada. Este homem é feliz...
A maior das violências que se tem hoje em dia, é o uso de drogas. Quantos jovens não morreram de overdoses? Quantas pessoas não foram vítimas fatais de drogados? Nota-se assim que o uso de drogas corresponde a uma das maiores formas de violência. O difícil é saber por que os jovens usam drogas. Será simplesmente a curiosidade? Por que não têm eles a curiosidade de beber leite de égua? Porque existe uma curiosidade dirigida, e o direcionamento desta curiosidade é então a verdadeira razão do uso de drogas.
O usuário de droga é um infeliz que não teve tempo de se preparar, portanto busca na droga a justificativa de seu despreparo. Por que não devo usar drogas? As justificativas que trazem para esta pergunta, não são verdadeiras, pois dizer que elas são prejudiciais à saúde, mas, não oferecer ao povo condições de trabalho, alimentação, assistência médica, não passa de uma justificativa hipócrita, desconexa, sem credibilidade e sem efeito.
Dizer que os traficantes são inescrupulosos e que em busca de lucros, expõe em risco a saúde dos jovens, enquanto nossas autoridades, estão sempre em guerra, procurando recolher em seus municípios o ICMS da Souza Cruz? Pois bem, o que é ICMS, se não, lucro. O que é a Souza Cruz, se não, droga? Pois qual a diferença destas autoridades com os traficantes? Pensem. Pensem mais. Sim, uma só. Estas são legalizadas, no mais tudo igual.
Precisamos, pois, esclarecer corretamente aos jovens, as verdadeiras razões porque não devem usar drogas. (4,5)
A sociedade infelizmente está passando por graves momentos. O desentendimento entre as pessoas, lamentavelmente é muito grande. Parece até, que estamos vivendo uma nova Babel. A comunicação entre os homens é obscura, as pessoas falam sem um entendimento correto das palavras. Existe apenas uma sensação, mas não uma clareza, uma certeza. Os cotovelos não foram feitos para falar, mas sim, para doer!
Muitos fatos desagradáveis têm ocorrido exatamente por desconhecerem o verdadeiro significado das palavras. Um exemplo claro, e que aconteceu há poucos dias, envolvendo pessoas importantes com o governador de São Paulo, Mário Covas e professores da rede estadual, que culminou com agressão física ao governador e a prisão de alguns professores. As razões declaradas pelo governador mostram com clareza, um grande equívoco. Disse ele: "Eu como representante do povo, tenho o direito de entrar no prédio da Secretaria de Educação, pela porta da frente”.
Realmente, o senhor governador tem o direito. Mas, o que significa esse direito? A palavra direito tem vários significados, como oposto ao esquerdo, nome de um curso superior, permissão e ainda o uso de condições vitais de um ser, pois, pressupõe-se a uma obrigação, portanto não é gratuito.
O direito evocado pelo senhor Governador, não passa, senão, de uma simples permissão a qual lhe é facultativa, enquanto que a prudência que o cargo lhe exige, é uma obrigação, portanto o senhor governador cometeu um terrível engano e que resultou na prisão de alguns professores. Isto é lamentável, pois há uma hierarquia entre o dever e o direito.(6)
Muitas outras palavras que ouvimos e dizemos no nosso dia-a-dia, embora de conteúdos importantes, delas temos apenas sensações, mas nunca um conhecimento pleno por isso nada resolve, além de nos conduzir a grandes equívocos.
É comum as pessoas dizerem que foram ofendidas. O homem ofende a Deus? De quem é a culpa das ofensas? O que é ofensa? Parece que todos já responderam essas perguntas. Acertaram?
Quando alguém diz a um outro: meus parabéns, você está simpático e muito bem vestido; a resposta que você deu foi realmente maravilhosa, mais uma vez parabéns. As pessoas ficam alegres e satisfeitas porque receberam um elogio. Entretanto, se alguém diz: você errou. Não devia ter agido assim, pois agiu com extrema ignorância, nem parece que é gente. Então, elas se aborrecem, se zangam, dizem que foram ofendidas.
Pergunta-se: Que é elogio? Que é ofensa?
O elogio é uma carícia, enquanto que a ofensa é uma agressão, que se faz ao ego alheio. Não fora tão egoísta, e seria assim, menos ofendido. Compreendendo a origem da ofensa, podemos reduzir nossos aborrecimentos e para tal, basta diminuir o egoísmo.
Ora se a ofensa é uma agressão ao ego, e como Deus não é egoísta, jamais poderá ser ofendido. Uma vez compreendido, mudaremos então o nosso modo de pensar e conseqüentemente o nosso modo de agir. Do exposto, conclui-se que o maior responsável pelas ofensas é o ofendido sendo ainda, aquele que recebe os aborrecimentos, e não o ofensor.
Para realizar bem uma tarefa, é necessário o conhecimento pleno do assunto, caso contrário, os resultados não serão satisfatórios. É o que está ocorrendo atualmente em todas as nossas atividades, inclusive nas mais importantes. Assim, o padre ou o pastor, durante um casamento, declara várias vezes a necessidade de amor entre os casais, diz que o caminho para a solução dos problemas é o amar, e nós repetimos freqüentemente essas palavras. Mas, que é o amor? Que é amar? Já pensaram? Ora, se temos dificuldades em encontrar pensamentos e palavras para nos explicar o que seja o amor, o amar, que dirá então, da dificuldade para exercer? (7)
Outro caso se dá nas salas de aula, onde o professor declara a necessidade de estudar, os pais também pedem a seus filhos que estudem, porém, ninguém teve o cuidado de explica o que é estudar, e assim os alunos não podem estudar corretamente, pois o que é estudar? (8)
Pior ainda é a confusão que todos fazem sobre a palavra educação. Entendemos que a educação é o único e verdadeiro caminho para solucionar os problemas que nos assolam, mas o que se oferece aos jovens, não passa de uma modesta, simples e até mesmo rústica instrução. Há uma diferença consideravelmente grande entre educação e instrução. A educação, o despertar da consciência, é o verdadeiro tema que deveria ser abordado.(9, 10)
Assim, as atuais campanhas de prevenção às drogas e também os processos de recuperação de drogados, apresentam poucos resultados, posto que são baseados no ego, cujo principio, consiste em oferecer algo, que no entender dos dependentes, parece mais valioso. Deste modo, tanto a recuperação quanto a prevenção, tornam-se precárias no momento em que o indivíduo depara com a desilusão e por isso, se sucedem as recaídas não apenas entre os drogados, mas também entre os delinqüentes supostamente recuperados. O mecanismo desta prática baseia nas sutilezas do ego que consiste em eliminar os pequenos egos visíveis, em benefício dos grandes egos invisíveis, mas, no desejo de se obter cada vez mais vantagens, tornam-se então, insatisfeito, e por isso acontecem com freqüência, as recaídas. Como o verdadeiro desejo do homem é a felicidade e como esta tem origem no cumprimento de suas obrigações, torna-se natural e fácil orientar a pessoa neste sentido. Eis o segredo da sua eficácia.
A verdadeira recuperação e também a prevenção devem basear apenas na conscientização do indivíduo. Como este processo não oferece prêmios ou castigos, mas recomenda simplesmente o cumprimento alegre e prazeroso de suas obrigações, é então, eficaz e permanente.

Palestra proferida na Loja Maçônica Obreiros da Caridade em Uberlândia.

A força da consciência

O homem é composto por três elementos: corpo, ego e consciência. Quando prevalece a consciência, o homem se diz educado, quando prevalece o ego, se diz egoísta. O homem integral é aquele que seu corpo goza de boa saúde, tem o ego instruído e a consciência despertada. Este homem é feliz...
A maioria das pessoas, não acredita na força da consciência. Declara que muitas delas, pelos crimes que cometem, não têm consciência. Entretanto, isto não é verdade, pois a consciência é o agente mais eficaz na mudança de conduta do homem. Esta verdade pode ser facilmente demonstrada.
Existe uma recomendação que está escrita no grande livro sagrado, a Bíblia: "não julgueis para não serdes julgados", que é do conhecimento de todos, e da qual ninguém duvida, todos acreditam.
Contudo, algumas pessoas, entendem que esta recomendação insinua uma ligeira negociação onde, eu não lhe julgo e você também não me julga, e tudo bem. Ainda, induz ao medo, temor, receio e até a covardia, e então não é educativa. O correto será simplesmente: Não julgar, apenas por não ser da nossa competência. Isto sim é educativo.
Ninguém discorda desta interpretação. Todos compreenderam com facilidade a minha idéia, sim, simplesmente porque ela não é minha, mas nossa. Ela já estava impressa na consciência de todos, apenas encoberta por uma camada de ego, estava adormecida pelo ego. O que fiz, não foi senão, limpar esta consciência, não foi senão, acordar esta consciência que dormia embalada pelo ego. Isto sim é educar.
Educar é, pois, despertar a consciência adormecida pelo ego, mister de educadores e não de técnicos ou profissionais, pois sua ação é na essência interna do homem. A consciência é o elemento que nos orienta indicando o que devemos praticar, isso é ser ético.

domingo, 18 de junho de 2000

Utopia

Por diversas vezes, o homem, tem se mostrado paradoxal com atitudes incompreensíveis. Por um lado, procura realizar seus desejos, por outro, sente receio. Se for pesquisador, não pode ser conservador.
A humanidade, que é evolutiva, está, entretanto, presa ao temor. A razão do medo é a incerteza do futuro, e o homem, que é a sua unidade formadora, prefere conservar suas idéias, mesmo com resultados insatisfatórios, a arriscar uma nova teoria. Justifica seus receios, mostrando-se exigente e até mesmo com uma aparente sensatez, dizendo que as idéias avançadas são utópicas. Busca resultados imediatos, de curto prazo, mas nem repara que os métodos usados são antigos e ineficazes.
Quando Napoleão Bonaparte conquistou o Egito, maravilhado diante das obras arquitetônicas daquele antigo império, declarou: Do alto dessas pirâmides, 40 séculos vos contemplam.
Há mais de 4.000 anos, essas pirâmides foram erguidas para a contemplação da humanidade. Naquela época, a sociedade já possuía governo, os faraós e já havia corrupção; já havia polícia e já havia crime; já havia escola e já havia escravidão; já havia religião e já havia pecado; já havia família e já havia desamor... E tudo isso, é o que ainda temos.
Hoje, estamos vencendo 2.000 anos de cristianismo e ingressando no terceiro milênio.
A ciência e a tecnologia tiveram um avanço espetacular: já fomos à lua e dela regressamos, inventamos a luz elétrica, descobrimos os segredos do átomo e recentemente, desvendamos o código genético; a população humana explodiu a casa dos seis bilhões de habitantes, porém, lamentavelmente, na área do comportamento humano, estamos como antes: construindo pirâmides, na mais clara das utopias.
Para vencer este costume, e buscar urgentemente, respostas para nossas angústias, nossos males, nossas preocupações, nossos receios, é então necessário, ampliar nosso horizonte e buscar a verdadeira solução que começa abandonando o cotidiano e o convencional, e ainda esse sentimento de medo e receio que é o alimento dos covardes, aceitando as idéias inovadoras, próprias dos arautos, que são dirigidas principalmente, aos corajosos e destemidos.
Só assim, não seremos utópicos.