domingo, 3 de novembro de 2002

O maior cabo eleitoral

A eleição para presidente da república, em 1960, tinha como principais candidatos, Jânio Quadros e o General Lott, simbolizados pela luta da vassoura contra a espada. O resultado em favor de Jânio foi fantástico e ele venceu as eleições praticamente em todos os locais do país. Então, conversando alegremente com os coordenadores de sua campanha eleitoral, alguém comentou: Jânio, você perdeu para o Lott em São João do Meriti. E ele espantado e com o seu sotaque característico, respondeu: Huê! Mans, o Lott não esteve lá? Era assim, onde Lott passava, todos votavam em Jânio Quadros.
A história da humanidade é evolutiva, principalmente na área científica, mas no campo do comportamento humano, por vez, ela é cíclica e, portanto se repete. Assim, neste ano, tivemos uma reprise da eleição presidencial de 1960, com a vitória espetacular de Lula, e por que? Dois foram os pontos altos deste pleito.
O primeiro, é o fato de Lula ter sido, o segundo presidente da república mais votado em todo o mundo. Invejável! Muitos presidentes gostariam de receber tamanho sufrágio. Por que tantos votos? Trata-se por ventura, de um candidato genial? De um iluminado? De uma pessoa fantástica? De um indivíduo que traz grandes esperanças? Não. Nada disso. Lula é apenas um cidadão normal, esforçado, bem intencionado e que traduz apenas, em algumas esperanças.
O segundo ponto se deve ao péssimo governo de Fernando Henrique Cardoso, que embora, sendo um sociólogo, professor, poliglota, mas esnobe, portanto não fala a língua do povo, esquece os simples e os humildes; governa apenas, para ricos, banqueiros, empresários e investidores; não é um presidente democrático, mas um autêntico plutocrata narcisista, subserviente do FMI e do capital estrangeiro. Porém, agora, neste final de governo, estes aproveitadores, com certeza, estarão pensando, como este homem foi bom! E julgam mesmo que o Céu será pequeno e muito pequeno para ele... Mas agora, até que enfim, as urnas mostraram, e muito bem, que este período acabou...
Deste modo, entendemos que esta esmagadora vitória alcançada por Lula, se deve ao eficiente trabalho de Fernando Henrique Cardoso, o maior cabo eleitoral do PT, como foi no passado o General Lott, para Jânio Quadros. Haveria outra explicação melhor? Creio que não...

sexta-feira, 1 de novembro de 2002

O direito e o dever

Entendemos que o pensamento é o agente primário dos atos humanos, pois antes mesmo de executar uma ação qualquer, primeiramente pensamos, para depois decidir, já o sucesso depende do conhecimento; assim para executar uma tarefa embora simples, é necessário pensar, querer e conhecer; isto acontece de maneira tão natural que nem percebemos. Mesmo assim, muitas pessoas, estão constantemente exigindo algo que em suas imaginações parece importante, imprescindível, enquanto que na realidade o que pedem e desejam é, contudo dispensável e supérfluo, porque não têm o devido conhecimento daquilo que reivindicam, como acontece quando exigem “os meus direitos”, pois procuram apenas satisfazer seus interesses.
Analisando a palavra direito, temos: o oposto de esquerdo, como o braço direito; sinônimo de correto, certo, permissão: ele como cotista, tem o direito de freqüentar o clube; nome de um curso universitário: curso de direito; Estes significados são vulgares, comuns e não trazem a importância para justificar a ênfase da reivindicação: os meus direitos. A idéia que justifica sua grande importância, não é, como muitos imaginam, que seja uma graça, gratuito, mas ao contrário, é oneroso, um ônus, pois o direito, no caso, corresponde as condições necessárias para se cumprir uma obrigação.
O pensamento holístico nos ensina que a continuação da natureza só se realiza efetivamente, quando cada ser se conscientizar de suas obrigações; destas surge a idéia do dever. Assim, os vegetais devem dar frutos, os animais, crias, e o homem, boas ações; a reprodução para perpetuar as espécies e as boas ações para aprimorá-las. Entretanto, para que o vegetal possa dar frutos, e bons, é indispensável o suprimento de água, luz, minerais e outros; para os animais tem-se condição semelhante; enquanto que para o homem é necessário ainda o alvedrio.
Das condições indispensáveis para se cumprir as obrigações, nasce o direito. O dever e o direito são, pois, duas forças que concorrem para o equilíbrio e a conseqüente perpetuação da natureza. O dever sem o direito é incapaz; o direito sem o dever é egoísta. A eficácia consiste em concordar o dever com a possibilidade de cada um, e o direito com a necessidade real que o mesmo dever exige. Deste modo, o dever está antes do direito, na ordem natural, apesar disso, lastimavelmente, estamos sempre reclamando os nossos direitos, mas nunca declaramos os nossos deveres, e por isso, o mundo de hoje está tão conturbado e injusto, devido esta exaltação do egoísmo.
Na sociedade, todos têm direitos, porque todos têm deveres. As crianças têm o direito de freqüentar a escola, porque têm o dever de estudar, de se preparar para cumprir corretamente suas futuras obrigações quando adultos. Os pais têm o dever de orientar os filhos, porém, o principal dever do governo é proporcionar as condições necessárias para que o povo possa cumprir suas obrigações, conseqüentemente tem o direito de nos cobrar impostos, e nós temos o direito de reclamar os nossos direitos.