sexta-feira, 27 de abril de 2001

A galinha dos ovos de ouro

Deste que o mundo é mundo, o homem busca realizar seus sonhos, satisfazer seus desejos e para consegui-los, não mede as conseqüências, não avalia as dificuldades e nem repara os erros; marcha resoluto em busca dos seus intentos na suposição de que os fins justificam os meios. Esta prática está tão generalizada que as pessoas, cegas pela ambição, nem percebem o mal que estão causando. Se este hábito se restringisse apenas ao povo, menos ruim, mas lamentavelmente já contaminou até as autoridades que nos governam. Eis um exemplo.
Entendemos que a principal função do governo é disciplinar o homem, com orientações próprias, no sentido de evitar a delinqüência, o desdize, a exploração, o crime, em resumo: a violência. Entretanto, estamos vendo passivamente, os nossos dirigentes negligenciando sua nobre missão, e valendo da autoridade, para sufocar e explorar o povo com a instalação de verdadeiras armadilhas e camufladas arapucas chamado radares que com frieza, sem talento para avaliar a situação, sabem apenas fotografar, delatar e depois multar os infratores declarando que procuram deste modo, diminuir a violência; violência não diminui violência, mas gera violência.
Estas autoridades estão enganadas em supor que as multas podem conduzir corretamente o homem, mas não conduz, pois aquele que age com receio de ser multado ou esperando uma recompensa, não faz conscientemente e sim interessadamente, portanto não é uma pessoa confiável, pois faltando a vigilância ou a recompensa, mudará certamente de conduta e por isso exigirá sempre, a presença de um guarda ou vigia que por sua vez, sendo homem, também poderá errar, e mais, quem vigiaria o vigia? E haja vigias...
Considere-se ainda, que a multa é injusta porque pune mais o pobre e seus familiares do que o rico, e devido ao seu alto valor, pode levar muitos à inadimplência, ao deslize, à corrupção e conseqüentemente à violência. Por beneficiar diretamente quem aplica, como nova forma de prover receita, torna-se difícil buscar o verdadeiro caminho, uma vez que ninguém mata a galinha dos ovos de ouro e quem padece como sempre, é o povo. Então, acreditar na eficácia da multa é pouca inteligência e muita esperteza. O único meio capaz de nortear corretamente o homem é pela consciência, portanto o infrator não deverá ser multado e sim, obrigado a fazer uma reciclagem acompanhada de palestra educativa para se corrigir, e reparar seu erro com prestação de serviços sociais determinado pelas autoridades. Oxalá um dia talvez, farão uma deliciosa canja com esta estranha galinha dos ovos de ouro...

terça-feira, 17 de abril de 2001

Laranjas e maçãs

O dia amanhecera lindo... Apenas uma pequenina nuvem branca manchava o azul do céu, refletindo a paz e a tranqüilidade, características das alturas e da imensidão celestial, contrapondo as guerras e os desesperos, próprios das baixezas terrenas. Embora do alto do céu, a terra pareça azul, na realidade é avermelhada, colorida pelo sangue diluído com lágrimas e suores derramados por milhares de infelizes que não encontraram um ombro amigo ou mesmo uma pedra onde repousar. Os problemas sociais que se avolumam em nossas cabeças, deixam o homem preocupado e aflito, em busca de soluções. Nem o grande desenvolvimento técnico-cientifico, marca fundamental deste terceiro milênio, será suficiente para diminui-los e hoje a humanidade ansiosa, procura desesperadamente um caminho.
Então, em casa, logo após o almoço, comentávamos sobre tais problemas que somente serão resolvidos, como dizem, quando houver a vontade política de nossos governantes.
Por que vontade política? Ora, simplesmente vontade. Pensem! E será que falta apenas vontade? Suponho que não, pois “com homens de boa vontade o inferno está cheio”.
Neste momento minha esposa, interrompendo a conversa, disse: você está surdo, eu lhe pedi maçã e você me deu uma laranja!
Ah! Sim. Tirei outra laranja do cesto que se achava à minha esquerda e lhe entreguei.
Ora, você está mesmo surdo, eu quero é maçã!
Pois bem, e dei-lhe outra laranja.
Como? Sou sua companheira de muitos anos e exijo uma explicação.
Pois sim, vou lhe explicar. Veja, não tenho maçãs, tenho apenas laranjas, como posso, portanto, lhe dar maçãs? Ninguém dá o que não tem.
Considere querida, que neste mundo de Deus, quantas pessoas mal têm laranjas podres ou mesmo azedas e você quer que elas lhe dêem maçãs? O que está faltando em nossos dias, não são de semeadores, mas sim, de sementes, aquilo que se há de semear. O que está faltando para resolver os problemas sociais, não é vontade, mas sim, idéias e que só surgirão com o pensar, mas lamentavelmente o homem de hoje não tem mais este valioso hábito, razão do acúmulo da violência que agora enfrentamos, portanto pense! Pense! Pense! Este é o caminho. Assim pensamos e assim havemos de entender...