quinta-feira, 2 de janeiro de 2003

Não levo desaforo

Num passado bem distante, há muito tempo atrás, o comportamento humano era assim: dente por dente e olho por olho; isto é: nada humano. Depois de muitos problemas e aborrecimentos, este comportamento foi substituído pelo perdão, e então ensinava que se alguém bater em sua face, não reaja, mas dê-lhe a outra, declarando com esta atitude que devemos perdoar, e não somente sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Este conselho bíblico é considerado a quinta essência das lições, e que somente assim podemos evitar maiores transtornos tornando a vida mais amena, suave e agradável. Porém, perdoar ou seja, dar-lhe a outra face, não é nada fácil, não é nada agradável, por isso poucos ou talvez ninguém realmente perdoa e nem leva desaforos para casa e voltamos então, ao velho e vingativo: dente por dente e olho por olho. Qual seria a solução? Vingar é odioso e perdoar é dificultoso. Como agir?
Hoje estamos no início do terceiro milênio da era cristã, apenas cronologicamente, pois nem o grande desenvolvimento científico, foi capaz de modificar o nosso comportamento o qual não é nada cristão, mas sim primitivo, uma vez que ainda não compreendemos a nossa missão e continuamos com mais voracidade, destruindo toda a sorte de vida, inclusive a humana como mostra esta obstinada ameaça de uma eminente guerra.
A solução que parece difícil, entretanto é muito simples, pois o problema não consiste em resolver o dilema: perdoar ou vingar, porque estas ações estão nas extremidades, direita e esquerda, da linha horizontal e inferior do comportamento humano, pois, somente aqueles que foram ofendidos são os que vingam ou perdoam, então, basta entender que verdadeira solução consiste em não se ofender. Portanto, precisamos conhecer o que seja ofensa e quem é o seu grande culpado: o ofensor ou o ofendido. Calma, não diga. Pense, pense mais. Esta pressa em responder é a maior responsável pelos erros e conseqüentemente pelos muitos problemas não solucionados que temos. Comecemos pelo conceito. Elogio é uma carícia que se faz ao ego alheio, portanto nos agrada, enquanto que ofensa é uma agressão a este mesmo ego e por isso nos aborrece; fora menos egoísta e seria menos ofendido e não teria assim, necessidade de vingar ou mesmo de perdoar; não seria necessário dar a outra face, e nem haveria dente por dentes e nem olho por olho e nossa vida será alegre, agradável, fácil e prazerosa; felizmente é deste modo, pois o nosso bem estar há de estar em nossas mãos e não em línguas alheias; donde se conclui ainda, que Deus não sendo egoísta, jamais poderá ser ofendido, e muitas coisas terão que mudar!