sábado, 16 de março de 2002

Nos olhos alheios não arde!

Conta-se que na Inglaterra, no tempo do rei Ricardo Coração de Leão, lá pelas bandas da floresta de Sherwood, havia um homem que roubava dos mais abastados, para dar aos menos afortunados. Era o lendário Robin Hood, conhecido por todos. Sua atitude era louvada pelos pobres, mas abominada pelos ricos. Ele, certamente numa visão antecipada, inspirando no adágio de que, quem rouba de ladrão tem cem anos de perdão, julgava estar praticando o bem, mesmo roubando; e ainda hoje esta prática é freqüente entre nós, embora muitas vezes praticada pela metade: apenas no roubar, mas não no doar.
Recentemente, o governo de Minas criou uma lei que visa tirar recursos dos municípios ricos para dar aos mais pobres, e devido à semelhança, foi denominada lei Robin Hood. Os administradores das grandes cidades, como Uberlândia, reclamam da injustiça desta lei e assim, o secretário municipal de finanças a denominou de: “a famigerada lei Robin Hood”. Realmente, este não é o caminho. Não podemos enriquecer uns, empobrecendo outros, mas sim, elaborando leis que venham disciplinar e orientar corretamente a sociedade, proporcionando a todos realizar o próprio desenvolvimento. Entretanto, o nosso atual prefeito, sem condições para receber o pagamento das contas de água dos pobres e infelizes, está propondo a isenção destas taxas para as famílias carentes, mas para tal, pede um aumento compensador, nas tarifas dos que podem pagar, de modo semelhante a Robin Hood, ao invés de oferecer a elas, condições para que possam se desenvolver e levar uma vida independente, isto é deveras cômodo e interessante. Muito interessante. Interessantíssimo. Porque pimenta nos olhos alheios não arde!