sábado, 13 de maio de 2000

Violência

A grande imprensa tem, freqüentemente noticiado a realização de muitos estudos e campanhas para combater a violência, entretanto, com mais freqüência ainda, noticia a sua vertiginosa propagação. Há uma incoerência, algo está errado.
Atualmente, a humanidade está vivendo um momento de grande confusão. As pessoas demonstram, com suas atitudes, que estão perdidas, sem rumo, sem leme, sem norte... Precisamos, portanto, buscar um caminho e que no entender de alguns, haverá de passar pelas trilhas do conhecimento. Esta é a chave. Para explicar, portanto, aquela incoerência, basta entender, que jamais alguém pode executar bem uma tarefa, sem o conhecimento pleno do assunto.
Ora, tornou-se comum as discussões sobre a violência, porém, sempre com uma abordagem superficial, mostrando apenas seus efeitos, portanto, sem a eficácia desejada. Necessitamos, pois, de aprofundar e proceder a um estudo completo, conceituando, classificando, identificando a origem e sugerindo a sua solução. Assim, a violência deve ser considerada como uma agressão ao patrimônio, material, corporal, intelectual ou moral, seja ele, próprio ou alheio e são de natureza, explícita e velada.
As violências explícitas são aquelas cujos efeitos são visíveis, tais como: espancamentos, assaltos, furtos, roubos, assassinatos, e outras e são na maioria, uma conseqüência das violências veladas e até facilmente, reprimidas pela polícia.
O uso de drogas é uma violência, porque agride, não somente o patrimônio próprio que é a saúde do usuário, mas também, porque agride o patrimônio ecológico, uma vez que o homem tem a obrigação de colaborar com a natureza, e esta colaboração não se faz estando ele drogado. Entende-se assim, que o uso de drogas é uma dupla violência, e uma pessoa de razoável alcance, compreende com facilidade, a gravidade desse ato. O usuário de drogas é um infeliz que não teve condições para se preparar, portanto, é um indivíduo oco, vazio e inseguro, e necessitando de uma auto-afirmação, procura nas drogas, a comprovação de que é uma pessoa ímpar, moderna, autêntica e capaz, mas é exatamente o contrário: vulgar, antiquado, falso e incapaz. Ele é o mais violento, já que se auto violenta, pode também violentar os outros e não devemos debitar nas drogas, o ônus de outros crimes, como se ouve freqüentemente, mesmo porque, o uso de drogas é uma conseqüência e não uma causa, e o usuário: vitima, e não réu.
Já, nas violências veladas, os resultados não são imediatos, mas, futuros e, portanto invisíveis. Seus exemplos são abundantes tais como: insinuações, propagandas enganosas, promessas vãs, crendices, modismos, falsas orientações, omissões, principalmente as dos nossos governantes e outras, cujo habitat é a ignorância. São na maioria, as mais danosas, não apenas, por ser difícil de combate-las ou reprimi-las, mas por ser um estimulo para as praticas de violências explicitas, como foram as rebeliões na FEBEM, invasões de terras, e muitas outras, pois em toda ação, existe uma reação contrária.
Ainda podemos considerar, como violência velada, certas leis criadas por um Congresso, cujos deputados e senadores estão subornados por propinas, cargos ou acordos sugeridos pelo Executivo, ou porque, muitos foram eleitos às custas de donativos oferecidos por banqueiros, empreiteiros, empresários e grupos financeiros, tornando-os comprometidos e reféns, e assim, tais leis são criadas para atender os interesses daqueles, e que certamente, não são os interesses do povo. A imprensa tem noticiado com bastante ênfase e clareza, a existência de tais grupos, bem como, os valores e os nomes dos candidatos que receberam esses donativos, que mais parecem investimentos.
Embora legais, as especulações financeiras, na maioria das vezes, são consideradas como violência, pois, as ambições dos especuladores são ilimitadas, não medindo conseqüências. Isto é o que fazem os mega investidores, insaciáveis, que não se satisfazem, nem com seus grandes lucros e tudo isso é feito às custas das lágrimas, das ilusões e do suor alheio. Suas fortunas são incalculáveis e inimagináveis. Jamais usarão da sua infinitésima parte. Será que esses excêntricos colecionadores de dólares, não percebem suas estultices? Será que não percebem os problemas que estão causando aos outros? Essa ambição excessiva e descontrolada, nascida do ego, é a causa primária de toda a violência, a qual será combatida, não pela força, mas, apenas pela Educação.
A grande dificuldade está na interpretação da palavra educação, que é freqüentemente confundida com instrução. Este equívoco, responsável pelos fracassos das tentativas de acabar com a violência, deve ser eliminado, pois educar é despertar a consciência adormecida pelo ego através da meditação sobre pensamentos educacionais, mister de educadores e não de profissionais ou técnicos, posto que, sua ação é na essência interna do homem. A consciência é o elemento que nos orienta, mostrando-nos o que é correto praticar. Isto é ser ético.
Este deverá ser o nosso procedimento... Neste dia da Redenção...