quinta-feira, 11 de abril de 1996

Ano 2000

Estamos próximo do ano 2000, que para muitos, no passado, foi considerado como sendo a data estabelecida para o fim do mundo.
Para outros, o terceiro milênio deverá ser o marco da Evolução do Pensamento Humano...
Entretanto, o que presenciamos é exatamente o oposto; estamos vivendo uma nova Babel. Muita confusão, desentendimentos, divergências...
As palavras estão pouco a pouco, perdendo os seus significados (perdendo o sentido). Cidadania é uma delas, que hoje, já está desgastada e corrompida. Assim, muitos entendem que Cidadania se resume em dar “pão e cesta básica” e nem mesmo reparam que esta atitude, com aparência virtuosa, não é senão, pecaminosa, pois, opõe-se ao preceito de “Comer o pão com o suor do rosto” e que, o bom seria, proporcionar condições de vida: emprego, educação, liberdade, Cidadania...
Mas, o melhor é não tirar estas condições pois, quando a Natureza nos criou, nos deu todas elas.
Mas, isto não lhes dá a sensação de grandeza, não os torna beneméritos e nem anestesia suas consciências.
Outros, numa clara agressão à Cidadania, nos obriga, sob pena de multa, usar o Cinto de Segurança, desconhecendo (ou conhecendo) que esta prática depende unicamente do alvedrio de cada um, no exercício autêntico da sua Cidadania.
Tais autoridades, ainda não entenderam que o uso do cinto de segurança não previne os acidentes? Mas que pode apenas reduzir sua gravidade?
Esta atitude, deixa transparecer que os acidentes para eles, são questões secundárias e que preveni-los, não é objeto de seus cuidados. Enganam. A obrigação do Estado é prevenir os acidentes; construindo e conservando em condições de trafegabilidade, estradas e ruas; mantendo visíveis as sinalizações; reduzindo nossas aflições; orientando amorosamente seus usuários... Mas tudo isto custa dinheiro, gasta-se tempo e exige capacidade, melhor será então, nos multar...
E é só o que sabem fazer...
“Tempo houve em que todas as penalidades eram em dinheiro. Os delitos dos súditos eram para o Príncipe algo como um patrimônio...” Beccaria, 1765.
E assim, o povo, entende que esta atitude não é zelo, mas sim esperteza, e que “em nome do nosso bem, querem mesmo, os nossos bens...” Vieira, 1639.
Mais grave ainda é a interpretação que se dá à palavra Educação. Todos temos, um sentimento de que a Educação é o fator decisivo no bom comportamento do homem, o que é verdadeiro; mas a maioria comete um grave erro exigindo: Educação sexual, Educação no trânsito, Educação ecológica, Educação contra drogas, Educação...
A Educação faz parte das plataformas políticas, mas o que prometem reivindicam e oferecem é uma simples e modesta Instrução, muito diferente de Educação.
Para alcançar esta grande diferença, basta observar os Crimes de Colarinho Branco, onde seus autores são altamente instruídos, mas não educados...
Educar é eduzir, isto é, extrair o que de bom há no homem pelo próprio homem, através de meditações e reflexões sobre princípios e pensamentos autênticos, trazidos por intermédio dos educadores.
Os motivos buscados pelos diversos segmentos da nossa sociedade são antieducacionais; assim o Estado busca a justiça e exerce a punição; as Escolas oferecem instrução, mas, sem consciência de sua finalidade; as Religiões apelam por fatores externos, prometendo prêmios e castigos e as Famílias se isolam no mais alto egoísmo, donde lamentavelmente se conclui que, nem o Estado, nem mesmo as Escolas, muito menos as Religiões, e tão pouco as Famílias educam; pois educar é mister de cada um, motivado por pensamentos educacionais elaborados por educadores.
Para corrigir estes equívocos, espero que, o ano 2000 seja o verdadeiro marco da Evolução do Pensamento Humano, o arauto de uma Nova Era e o prenúncio da nossa Redenção.
Bem-vindo o Ano 2000.